Tribuna de Debates do 16º Congresso reforça vitalidade política do PCdoB

A Tribuna de Debates do 16º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) consolidou-se como vigoroso espaço coletivo de elaboração teórica, reunindo 159 artigos de militantes de todas as regiões do país. O volume de contribuições reflete a vitalidade intelectual da legenda e o compromisso com o debate democrático e a formulação estratégica das diretrizes políticas do Partido.
As contribuições foram organizadas por uma comissão editorial composta pelos destacados dirigentes comunistas Clóvis Monteiro, Inácio Carvalho, Jô Moraes, Socorro Gomes e Ricardo Alemão Abreu (coordenador), que estimulou o caráter participativo do Congresso e proporcionou o diálogo entre diferentes gerações e experiências partidárias.
Participação nacional e diversidade temática
As contribuições chegaram de praticamente todo o território nacional. O Rio de Janeiro liderou em número de textos (20), seguido por Minas Gerais (16), São Paulo (15), Rio Grande do Sul (13), Bahia (11) e Paraíba (8). Estados como Rio Grande do Norte, Pará, Goiás, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Pernambuco também participaram, compondo um panorama de diversificação regional e articulado nacionalmente.
Essa combinação a partir de olhares locais e de presença nacional reforça o caráter coletivo do processo, no qual o Partido se expressa a partir da realidade concreta e da prática da militância. De todos os artigos, seis foram produzidos por dirigentes com responsabilidades nacionais, demonstrando a integração entre a direção e as bases.
Eixos de discussão
Três grandes eixos dominaram os textos. O primeiro, com 71 artigos (45%), tratou da construção partidária — temas como organização de base, formação ideológica e governança interna. O segundo grupo, com 59 artigos (37%), concentrou-se em questões nacionais, entre elas soberania, desenvolvimento, precarização do trabalho e políticas públicas. Já 29 contribuições (18%) abordaram temas internacionais, incluindo disputas geopolíticas e a ascensão de novas forças no cenário global.
Essa distribuição mostra como a Tribuna funcionou como um laboratório de reflexão estratégica, articulando a realidade nacional com os desafios globais que marcam o início da nova etapa política do país.
Ideias e conceitos em evidência
A análise dos textos a partir do uso de determinadas palavras revela a centralidade de temas como “Partido” (citado 555 vezes), “luta” (525) e “política” (476), os verbetes mais recorrentes nas contribuições. Termos como “Brasil” (433), “nacional” (378) e “desenvolvimento” (252) também aparecem com alta frequência, indicando a ênfase no projeto nacional de desenvolvimento e na soberania. Também se destacam “trabalho” (370), “social” (331) e “povo” (275), expressões associadas à dimensão popular e classista das discussões.
A frequência dessas palavras delineia um mapa conceitual das preocupações do Partido e dos rumos do debate interno, que busca alinhar formulação teórica e ação política.
Perfis e vozes
A pluralidade de autores foi outro destaque. Militantes de base, dirigentes, intelectuais e ativistas assinaram textos que tratam desde temas estruturais — como colonialismo digital, transição geopolítica e economia — até questões de saúde, igualdade racial, feminismo e fé popular.
Entre os colaboradores mais frequentes estiveram Percival Henriques, Raul Carrion, Ricardo Moreno e José Vieira Loguercio, que exploraram temas ligados à conjuntura internacional e à teoria marxista. Outros, como Augusto Viana da Rocha e Lúcio Flávio de Castro Dias, trataram de soberania e saúde, enquanto Rosiane Cruz de Morais e Rodrigo Azevedo Lobo abordaram as interseções entre luta social e diversidade.
A presença expressiva de mulheres, jovens, negros e representantes de povos tradicionais evidencia o caráter inclusivo da Tribuna, que incorporou experiências e perspectivas múltiplas ao debate coletivo.
Contribuição estratégica
As formulações apresentadas na Tribuna de Debates dialogam diretamente com o conteúdo da resolução política do 16º Congresso, oferecendo diagnósticos e propostas para o fortalecimento do Partido e do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Entre os temas mais debatidos estão a reindustrialização sustentável, a economia solidária e os desafios da era digital, incluindo a regulação das plataformas e o enfrentamento à desinformação.
A iniciativa demonstrou a capacidade do PCdoB de promover um processo interno de debate, reflexão e atualização programática, reafirmando a importância da construção coletiva na formulação teórica das estratégias políticas e organizativas do Partido.