Dia de Finados: como Ricardo Nunes transformou a morte em negócio
Ir aos cemitérios para visitar o túmulo de parentes e amigos é uma tradição revivida neste 2 de novembro, Dia de Finados. Mas a lembrança de um conhecido que se foi pode ser associada à revolta na cidade de São Paulo, onde a morte virou um grande negócio.
Tudo por causa da privatização do serviço funerário, realizada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Desde janeiro de 2023, quatro empresas respondem por “serviços, gestão, manutenção, exploração, revitalização e expansão dos 22 cemitérios públicos, bem como do crematório já existente”.
A promessa de modernização dessas unidades continua distante, mas os preços de enterros e cremações dispararam. Segundo o Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo), os pacotes para a realização do funeral mais do que triplicaram nos cemitérios paulistanos.
“A principal questão é o valor do serviço que aumentou muito. A principal denúncia que existe é que os preços são exorbitantes”, disse à Agência Brasil João Batista Gomes, secretário de Assuntos Jurídicos do Sindsep.
Embora mexam com assuntos como morte e despedida de familiares, os novos gestores não escondem a ganância por mais e mais lucros. De acordo com João Batista, o encarecimento abusivo dos serviços “é facilmente comprovado pela tabela que eles próprios divulgam”.
Além, nas unidades privatizadas, os servidores municipais foram substituídos por funcionários das empresas. “Esses trabalhadores até têm sindicato, mas é muito frágil a relação deles. Então o pessoal tem medo de denunciar”, disse o dirigente sindical.
O Tribunal de Contas do Município (TCM) – que já solicitou esclarecimentos às concessionárias – aponta que faltam informações sobre a gratuidade e o preço dos funerais. As empresas escondem, por exemplo, que os munícipes podem contratar profissionais autônomos pata a jardinagem e a manutenção dos jazigos.