Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal e ex-subordinada de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública da capital, Cintia Queiroz de Castro, disse em depoimento que o plano feito por eles “com certeza” impediria o ataque de 8 de janeiro de 2023 caso fosse cumprido, mas falou por que o planejamento não foi seguido.

O que comprova que o tal “plano” foi apenas ficção, fingimento, da cúpula bolsonarista da polícia do DF para abrir as porteiras para os golpistas. A PM estava sob ordem do próprio Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, a quem interessava causar o caos para dar golpe.   

Cintia era subsecretária de Ações Integradas do Governo do DF na ocasião da tentativa de golpe, quando Anderson Torres era secretário de Segurança Pública, e prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-chefe.

“Se o protocolo tivesse sido cumprido à risca, o 8 de Janeiro com certeza não teria acontecido”, declarou a ex-subsecretária quando foi questionada pelo advogado de Torres.

Sintomaticamente, ela não contou o que teria dado errado no plano, nem indicou quem teria sabotado o protocolo que foi elaborado pela Secretaria.

Cintia Queiroz de Castro falou que soube da chegada de caravanas de bolsonaristas de outros Estados a Brasília e, por isso, decidiu chamar para o dia 6 de janeiro uma reunião para discutir o que fazer.

No mesmo dia, Anderson Torres entrou de férias e viajou para os Estados Unidos.

A coronel da PM falou que Torres aprovou o Protocolo de Ações Integradas para ação das forças de segurança durante a manifestação, prevendo a proibição de que os manifestantes entrassem na Praça dos Três Poderes.

O que se viu, porém, foi que os golpistas tiveram livre acesso à Praça, passando sem dificuldades pelos pequenos bloqueios feitos pela PM. Em poucos minutos, conseguiram entrar nas sedes dos Três Poderes.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Anderson Torres afirma que foi preparado dentro do Ministério da Justiça um plano para atrapalhar o segundo turno das eleições de 2022 com operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em locais onde Lula teve grande vantagem sobre Bolsonaro.

O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, confirmou em depoimento que a ordem do Ministério era para realizar “fiscalizações” em ônibus que iam de outras regiões para o Nordeste.

Djairlon, para defender Torres, falou que essas operações visavam garantir que não seriam cometidos crimes eleitorais.

Essa versão é invalidada pelas provas colhidas pela investigação, como conversas e arquivos obtidos em aparelhos de subordinados de Torres, que mostram o mapeamento dos locais com maior vantagem de Lula e o uso da PRF para atrapalhar a votação. 

Fonte: Página 8