Luta por soberania nacional e socialismo reafirmam identidade do PCdoB

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) aprofunda a discussão sobre seu futuro em um momento crucial para o país. Em meio à crise sistêmica do capitalismo e à ascensão de forças de extrema direita, o partido defende a necessidade de reafirmar sua identidade e conduzir a nação às transformações necessárias rumo ao socialismo. O debate é parte da preparação para o 16º Congresso Nacional do PCdoB e busca aprofundar o caminho para a unidade da esquerda, a superação da dependência nacional e a valorização do trabalho como elemento estratégico.
É nesse contexto que o PCdoB, com apoio e transmissão (ao vivo) da Fundação Maurício Grabois, realiza a quarta mesa do ciclo de debates, com o tema “Partido Comunista e a luta socialista no século 21”, na segunda-feira (18), na Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre (Aiamu), às 18 horas. A atividade tem a mediação do dirigente, historiador e ex-parlamentar Raul Carrion e a participação de destacadas lideranças do partido: Nádia Campeão, secretária de Organização do PCdoB; Nivaldo Santana, secretário Sindical; Ricardo Abreu, membro do Comitê Central; e Carlos Lopes, jornalista e vice-presidente do PCdoB.
As discussões estão pautadas no desafio de manter o partido unido, com clareza ideológica, para conduzir o país às necessárias transformações, rumo ao socialismo. A tarefa, segundo a visão dos participantes, é a de construir um poder popular capaz de liderar a luta contra o imperialismo e o capital financeiro, apostando no protagonismo dos trabalhadores e na recuperação de bandeiras históricas como a soberania nacional e a democracia.
Nádia Campeão: A Reconexão com o Povo e as Bandeiras Políticas
Como secretária de Organização, Nádia Campeão destaca a importância da mobilização popular para a luta do partido. Para ela, o cenário político atual distanciou o povo de organizações como sindicatos e partidos. Por isso, a reconexão com as massas é uma prioridade, a ser construída com firmeza e persistência, por meio de lutas concretas nas comunidades e locais de trabalho. A dirigente afirma que o partido precisa atuar em várias frentes e “acertar nas bandeiras políticas”, como a defesa da democracia, da soberania nacional e da economia. “A defesa da soberania nacional traz um elemento novo que faz com que as pessoas pensem e compreendam que o Brasil precisa avançar em seu projeto de desenvolvimento nacional”, pontua.
Ricardo Abreu: Identidade e Luta pelo Poder Popular
Ricardo Abreu apresenta a ideia de que o partido precisa reafirmar sua identidade comunista como uma “necessidade histórica” e vincular-se às classes trabalhadoras para cumprir sua missão. Segundo ele, um partido comunista com capacidade política e ideológica é “imprescindível para enfrentar o fascismo, a guerra híbrida e avançar para o socialismo”. Para consolidar a alternativa socialista no Brasil, o dirigente aponta que o elemento central é a “luta pelo poder popular”. Ele destaca quatro momentos históricos do PCdoB que reforçam essa identidade: a recusa ao reformismo em 1962; a nova orientação tática após a derrota no Araguaia em 1979; a reafirmação de que “o socialismo vive” em 1992; e a elaboração de um programa mais revolucionário e brasileiro em 2009.
Nivaldo Santana: O Trabalho como Eixo da Luta Comunista
Uma das questões centrais apontadas pelo secretário Sindical do PCdoB, Nivaldo Santana, é a do trabalho como eixo estratégico para a luta comunista. Segundo o dirigente, a precarização e a uberização são armas do capital para enfrentar a crise sistêmica, e o movimento sindical precisa de “criatividade para se readequar a essa nova realidade”. Segundo ele, os sindicatos precisam de campanhas permanentes de sindicalização, organização nos locais de trabalho e uma política forte de formação para desenvolver a consciência de classe e superar o individualismo. A luta antirracista, ele defende, é também parte da luta de classes, já que boa parte da população negra é a força de trabalho explorada no país.
Carlos Lopes: Soberania, o Centro da Estratégia
Carlos Lopes tem uma visão clara de que a luta pela soberania nacional está no centro da estratégia do PCdoB. Para ele, o Brasil, como país dependente, só poderá avançar para o socialismo ao se libertar das “amarras do capital financeiro internacional e nacional”. O jornalista defende uma “política frentista” liderada pelos trabalhadores contra o imperialismo, reforçando que “todas as grandes mudanças, os grandes acontecimentos no Brasil que tiveram sucesso foram por meio de uma política frentista”. Lopes conclui que “o Estado está capturado pelo rentismo”, reforçando a necessidade de o partido estar cada vez mais ligado às massas”.
Raul Carrion: A Dialética da Teoria e da Prática
Historiador e ex-parlamentar, Raul Carrion é o mediador do debate. O experiente dirigente traz em sua trajetória de vida uma visão sobre a relação inseparável entre a teoria e a prática na luta do PCdoB. Para ele, “sem teoria revolucionária não existe movimento revolucionário”, mas a teoria também nasce da “sistematização e do exame da prática, com os seus erros e acertos”. Carrion destaca que, para o PCdoB, o caminho para o socialismo é indissociável da luta pela democracia e pela soberania nacional. “A luta nacional e a luta democrática são eixos fundamentais de acumulação de forças para as transformações estruturais rumo ao socialismo”, afirma, ressaltando o valor do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.
18 de agosto – Porto Alegre (RS)
Mesa 4 – Partido Comunista e a luta socialista no século XXI
Ementa: Acumulação de forças em fase de resistência; experiências de partidos comunistas; Identidade comunista; a Questão Soberana e o Trabalho como centralidades Estratégicas
Local: Aiamu (Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre)
Participantes: Ricardo Abreu, Carlos Lopes, Nivaldo Santana, Nádia Campeão
Mediação: Raul Carrion
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