Soldado israelense observa enquanto colonos judeus atacam palestinos que colhem azeitonas | Foto: BTselem

Mohammad Mustafa, o primeiro-ministro da Palestina, em entrevista para o Financial Times, acusou o governo de apartheid de Israel de tentar tornar insustentável a vida de palestinos nos territórios ocupados na Cisjordânia, com o objetivo de expulsá-los.

O primeiro-ministro palestino disse que o governo de Benjamin Netanyahu tem como “objetivo final fazer as pessoas saírem e facilitar a continuidade do programa de anexação gradual, dia após dia”.

“Há um reconhecimento crescente de que o objetivo do governo israelense é tornar as coisas inviáveis”, disse Mustafa. “Mesmo que você não os coloque nos ônibus e os leve até a ponte na fronteira com a Jordânia, eles achavam que as pessoas se voluntariariam para sair porque as coisas estão muito difíceis.”

Desde o começo do genocídio na Faixa de Gaza, depois do ataque de 7 de outubro de 2023, o governo de Israel aumentou a pressão contra os palestinos que vivem na Cisjordânia através do aumento da violência por parte de colonos israelenses extremistas que, sob a proteção das autoridades israelenses, realizam ataques contra a população palestina dos territórios ocupados.

Os eventos na Cisjordânia mostram que o regime israelense usou o ataque de 7 de outubro pela Resistência Palestina como pretexto para a aniquilação da população de Gaza. E, para agravar o quadro, aproveitou a atenção que o genocídio levava o mundo a observar o dia a dia do massacre em Gaza para atacar com violência crescente os palestinos na Cisjordânia. 

Governo, polícia, exército e assaltantes de terra, os ditos colonos judeus, em uma unidade macabra para usurpar bens, terras, incendiar casas e carros, destruir currais e atacar palestinos que colhiam azeitonas.

A expansão dos assentamentos ilegais de colonos, com mais território ocupado a cada dia, com a intenção de dividir a Cisjordânia e tornar inviável uma Palestina livre da ocupação e de território contínuo. A imposição de restrições e barreiras contra a população nativa daquela terra, com o objetivo de restringir ao máximo o fluxo de movimento de palestinos na região.

O investimento para a criação de mais assentamentos já é o maior em anos e é considerado ilegal pelas leis internacionais. Um membro do governo de Israel, Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Netanyahu, é um colono de extrema-direita que já se expressou várias vezes pela total anexação da Cisjordânia.

“As coisas estão tão ruins, eles estão brincando com material explosivo, algo pode dar muito, muito errado a qualquer momento”, disse Mustafa.

Israel está também fazendo pressão financeira contra a Cisjordânia retendo US$ 3,6 bilhões em receita alfandegária devida à Autoridade Palestina, forçando o governo palestino a pagar somente 60% dos salários do serviço público. Com dívidas em atraso, mais de US$ 14,9 bilhões, incluindo US$ 1,7 bilhão com o setor privado, a Autoridade Palestina está gastando mais de um terço de sua receita com dívidas.

Fonte: Papiro