Papa foi recebido por multidão no Líbano | Foto: Redes Sociais

A defesa da Palestina foi afirmada pelo Papa Leão XIV ao mesmo tempo que condenou o não reconhecimento do Estado para o povo palestino por parte de Israel: “A Santa Sé tem apoiado publicamente a proposta de uma Solução de Dois Estados há vários anos. Porém, todos sabemos que Israel ainda não a aceita. Mas nós consideramos essa a única solução capaz de resolver o conflito atual”, declarou ele em breve reunião com a imprensa, no domingo (30), a bordo do avião papal em um voo entre a Turquia e o Líbano.

O pontífice relatou que tratou da questão durante seu encontro na quinta-feira (27) em Ancara com o presidente turco, “que aprova totalmente esta proposta”. “A Turquia desempenha um papel importante neste processo”, ressaltou.

A Santa Sé reconhece o Estado da Palestina desde 2015 e apoia a Solução de Dois Estados. Desde a sua eleição em maio, Leão XIV expressou a sua solidariedade com a “terra martirizada” de Gaza e denunciou o deslocamento forçado de palestinos.

O Papa declarou no domingo que o Vaticano mantém laços de “amizade” com Israel e se ofereceu como mediador entre os dois lados.

O Papa aterrissou no Aeroporto Internacional Rafic Hariri, em Beirute, onde foi recebido com honras militares na presença de numerosas autoridades religiosas e políticas libanesas.

Mais tarde, um grupo de dançarinos tradicionais o recepcionou na entrada do palácio presidencial. Muitos jovens ligados a organizações palestinas aguardavam para dar as boas-vindas ao Papa ao longo da rodovia nos subúrbios do sul de Beirute, onde cartazes do líder assassinado Hassan Nasrallah apareciam ao lado de outdoors que saudavam o pontífice e a paz na região.

O papa se reunirá com o primeiro-ministro Nawaf Salam e o presidente do Parlamento, Nabih Berri.

Nesta segunda-feira (01), Leão XIV visitou o mosteiro de Annaya, nas montanhas ao norte de Beirute, que abriga o túmulo do santo maronita mais famoso do país, São Charbel, canonizado em 1977 e reconhecido por unir cristãos, muçulmanos e drusos. Milhares de fiéis o receberam com aplausos, enquanto o papamóvel seguia o caminho até o mosteiro.

“Para o mundo, pedimos paz. Imploramos especialmente para o Líbano e para todo o Oriente Médio”, disse o Pontífice dentro do mosteiro de pedra, iluminado por velas.

Após a visita a Annaya, o Papa seguiu para o santuário de Harissa, também no norte de Beirute, que abriga uma gigantesca estátua de Nossa Senhora do Líbano. As autoridades decretaram feriado nos dias 1 e 2 de dezembro.

Antes de chegar a Beirute, o Papa fez uma visita de três dias à Turquia, durante a qual peregrinou aos locais onde se realizou o primeiro concílio ecumênico da história da Igreja e participou de uma solene Divina Liturgia na Catedral Patriarcal de São Jorge, em Istambul, onde exortou todos os cristãos a se comprometer com a unidade e a se considerarem sempre como irmãos e irmãs.

Durante a liturgia, o Papa também recordou o gesto histórico que iniciou um caminho de paz, diálogo e unidade entre as Igrejas Católica e Ortodoxa: há 60 anos, Paulo VI e o Patriarca Atenágoras decidiram “apagar da memória da Igreja as excomunhões mútuas de 1054”, que haviam dividido as duas comunidades, assinalou.

Em seu último discurso antes de deixar a Turquia, Leão XIV listou os três desafios comuns que as igrejas enfrentam atualmente. Diante do cenário de conflitos que hoje ocorrem no mundo, o primeiro desafio é a construção da paz: segundo o Papa, católicos e cristãos ortodoxos são chamados a serem construtores da paz, a trabalhar por ela.

O segundo desafio comum identificado por Leão XIV é a crise ecológica, que exige “uma conversão espiritual, pessoal e comunitária para mudar o rumo e salvaguardar a criação”.

Por fim, o terceiro desafio listado pelo Papa é o “uso responsável” das novas tecnologias. “Católicos e cristãos ortodoxos devem trabalhar juntos para promover o seu uso responsável, a serviço do desenvolvimento integral das pessoas”, concluiu.

Fonte: Papiro