Lula repudia casos de violência contra as mulheres e indica campanha
Nas últimas semanas diversos crimes contra as mulheres causaram indignação no país. O presidente Lula, em discurso nesta terça-feira (2), durante o anúncio de obras na Refinaria de Abreu e Lima (PE), repudiou o aumento da violência contra as mulheres no país e prometeu a realização de uma campanha para combater o ódio generalizado.
“Eu queria fazer um discurso para nós, homens. O que está acontecendo na cabeça desse animal, que é tido como a espécie animal mais inteligente do planeta Terra, para tanta violência? Eu acordei domingo para tomar café e a Janja começou a chorar. De noite, vendo o Fantástico, ela voltou a chorar. Ontem [segunda], ela voltou a chorar. E hoje, no avião, ela pediu para mim: Lula, assuma a responsabilidade de uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher”, afirmou.
O presidente comentou alguns casos como o de Tainara Souza Santos, de 31 anos, que foi atropelada e arrastada por Douglas Alves da Silva, de 26 anos, ex-companheiro dela que não aceitava o fim do relacionamento e agora está preso. O crime aconteceu em São Paulo (SP). Ela teve as duas pernas amputadas e ainda está hospitalizada.
Também na capital paulista, Bruno Lopes Fernandes Barreto, que está foragido, acertou cinco tiros em Evelin de Souza Saraiva, de 38 anos. Ele não aceitava a separação e passou a ameaçá-la.
No Recife (PE), Aguinaldo José Alves, de 21, incendiou a própria casa matando Isabele Gomes de Macedo, de 40 anos, e seus quatro filhos, todas crianças.
“A pergunta que eu faço é: O Código Penal brasileiro tem pena para fazer justiça a um animal irracional como esse? Nós temos pena para isso?”, questionou o presidente, ao citar também um caso em que uma moça recebeu mais de 60 socos em um elevador.
“Cada um de nós, homens, precisa ser o professor do outro. Cada um de nós tem que educar os nossos filhos. Se você não está bem com a sua companheira, por favor, seja grande. Não bata nela, se separe. Se ela não gosta de você, ela não é obrigada a ficar com você. Deixe-a cuidar da vida dela. Não aprisione essa pessoa, não seja ignorante. Pensando bem, não existe pena para punir um cara desses, porque até a morte é suave”, criticou.
Os casos citados retratam o trágico cenário brasileiro de violência contra as mulheres. No estado de São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública revela que 207 mulheres foram mortas este ano até outubro, um aumento de 7% na comparação com 2024. A capital paulista registrou 53 desses casos de feminicídio, um aumento de 9%. Além disso, a SSP indica que mais de 55 mil mulheres foram vítimas de agressões.
Já o Ministério da Justiça e Segurança Pública mostra que entre janeiro e setembro foram 1.075 as vítimas de feminicídio no Brasil.
‘Campanha forte’
Segundo Lula, os homens estão “precisando de lição de caráter, de dignidade, de educação e respeito”.
“Vamos ter que criar vergonha. A mulher tem que olhar e ver um companheiro digno, de luta, e que não vai tirar proveito. A partir de agora, eu estou no movimento dos homens que vão começar a conscientizar esse país de que o homem não nasceu para bater mulher, estuprar ou qualquer violência”, apontou.
De acordo com o presidente, uma campanha de conscientização será feita. “Nós vamos fazer uma campanha forte. Minha mãe dizia para mim: Lula, se você um dia tiver que bater numa mulher, é melhor que lhe caia as mãos”.
Para completar, o presidente pediu por uma nova consciência com respeito e empatia, sem nenhum tipo de alienação ou abuso psicológico e financeiro: “Precisamos criar uma nova consciência e um tratamento digno para que as nossas companheiras vivam conosco se quiserem, porque querem viver, e não porque precisam de um prato de comida ou com medo de apanhar do marido. Essa luta não é das mulheres, é dos homens”, concluiu.




