Plebiscito Popular mobiliza 2,1 milhões e fortalece luta por justiça social
No Recife, militantes coletaram votos em frente à Basílica do Carmo, no Recife – JC Mazella / CUT Pernambuco
O Plebiscito Popular “Por um Brasil Mais Justo e Soberano” mobilizou o país de forma inédita. A campanha, que durou 103 dias, reuniu 2.118.419 votos em todo o território nacional — presenciais e online. A iniciativa foi articulada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com apoio das centrais sindicais, de movimentos de juventude, coletivos religiosos progressistas e diversas organizações sociais.
Nesta terça-feira (4), a Comissão Executiva do Plebiscito entrega simbolicamente os resultados ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Além da luta contra a escala 6×1, a pauta inclui a aprovação do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e cria taxação progressiva sobre rendas acima de R$ 50 mil mensais.
Segundo Igor Felippe Santos, da Comissão Executiva Nacional do Plebiscito Popular, os dois temas do plebiscito — redução da jornada de trabalho sem redução salarial e taxação dos super-ricos — expressam a realidade dura da classe trabalhadora.

“A classe trabalhadora tem duas grandes preocupações: conseguir viver com dignidade e superar um sistema tributário injusto. Enquanto os super-ricos pagam menos proporcionalmente, os trabalhadores e setores médios são sufocados por impostos. Além disso, há uma exaustão generalizada com as longas jornadas e condições precárias de trabalho”, afirma em entrevista ao Portal Vermelho.
Ele destaca que, nas últimas décadas, as novas tecnologias têm sido usadas não para melhorar a vida dos trabalhadores, mas para aumentar a exploração. “Esses dois temas geram revolta e exigem mudanças urgentes”, resume Igor.
Para ele, o êxito da mobilização está ligado à conexão direta das pautas com as preocupações cotidianas da classe trabalhadora.
“As pessoas querem viver melhor, ter mais renda, pagar menos impostos e trabalhar menos”, afirma. “Há um sentimento de injustiça — os trabalhadores e setores médios pagam mais, enquanto os super-ricos pagam menos proporcionalmente. E o trabalho está exaustivo, adoecendo mentalmente os trabalhadores.”
Mobilização em escala nacional
Organizar o plebiscito num país continental foi um grande desafio. Mesmo assim, a votação alcançou todos os estados brasileiros, com urnas físicas e participação online.
“Tivemos equipes atuando em todo o país, discutindo redução da jornada e tributação dos super-ricos. O resultado mostra que conseguimos nacionalizar a iniciativa e dialogar com milhões de pessoas”, explica Igor.
A campanha mobilizou movimentos sindicais, populares, estudantis e entidades da sociedade civil, além de expressões de fé de diferentes matrizes religiosas, garantindo que houvesse urnas em todos os estados. “Da igreja católica aos coletivos progressistas evangélicos, passando pelos povos de terreiro, todos se engajaram. Foi uma mobilização ampla, plural e com forte base social”, afirma. “Esse envolvimento plural demonstra que a pauta é ampla, toca na vida de todos os brasileiros.”
Além disso, ele destaca o papel da militância de base e da juventude. “Os partidos colocaram sua militância nas ruas, e os jovens foram protagonistas em dialogar com a população”, afirma.
Entrega em Brasília e cobrança por respostas
Agora, a Comissão do Plebiscito leva os resultados ao Senado para reforçar a vontade popular expressa nas urnas. “O objetivo é cobrar que o Congresso avance na justiça tributária e na redução da jornada. Queremos menos impostos sobre os trabalhadores e mais sobre os super-ricos, além de políticas que garantam direitos e dignidade”, diz Igor.
“Queremos expressar a vontade da sociedade e cobrar que o Senado aprove o projeto o quanto antes, para que entre em vigor em 2026”, afirma Igor.
Ele lembra que outro projeto em tramitação — a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e o fim da escala 6×1 — também está pronto para votação na Comissão de Constituição e Justiça.
Aprendizados e próximos passos
De acordo com o dirigente, a mobilização deixou dois grandes aprendizados: a importância de pautas concretas e populares e a força de uma metodologia comum de ação. “O plebiscito mostrou que quando todas as organizações atuam com as mesmas bandeiras e no mesmo ritmo, a mobilização ganha força e alcança mais pessoas. Isso fortalece a militância e a unidade política”, analisa.
As organizações envolvidas pretendem seguir unidas em torno de duas campanhas centrais: a redução da jornada de trabalho e a tributação justa. A comissão já planeja novas ações conjuntas para 2026, articulando as campanhas, além de incidir nas próximas eleições. “Precisamos garantir que nas próximas eleições sejam eleitos candidatos comprometidos com essa luta. A agenda popular precisa ocupar o centro do debate político em 2026”, defende Igor.
A luta continua
O projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil e taxa rendas acima de R$ 50 mil já foi aprovado na Câmara e aguarda votação no Senado. “Esperamos que o texto seja aprovado rapidamente e sancionado pelo presidente Lula ainda em 2025, para valer em 2026”, diz Igor.
A pauta da redução da jornada com o fim da escala 6×1 também está em tramitação, com relatório pronto na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. “O plebiscito acabou, mas a mobilização continua. Seguiremos lutando por um Brasil mais justo, produtivo e soberano”, conclui Igor.
por cezar xavier




