10.11.2025 – Abertura da 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP30) Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de abertura da 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP30). Parque da Cidade – Belém (PA) Foto: Ricardo Stuckert / PR

O Brasil entrou em um novo ciclo de fortalecimento do Estado e de confiança da população nas instituições públicas. É o que apontam dois relatórios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicados em novembro: a pesquisa Fatores que Influenciam a Confiança nas Instituições Públicas na América Latina e no Caribe e o relatório Revisão de Integridade da OCDE sobre o Brasil 2025.

A confiança no governo federal saltou de 26% em 2022 para 38% em 2025, acima da média latino-americana (35%). No serviço público, o índice passou de 24% para 41%. O indicador de justiça no acesso a benefícios sociais cresceu de 33% para 48%, enquanto a confiança no sistema eleitoral chegou a 48%, o maior da América Latina.

Políticas públicas e diálogo social

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o avanço reflete a retomada das políticas públicas e do diálogo com a sociedade. “Mais brasileiros que utilizam o SUS, frequentam escolas e acessam serviços públicos afirmaram estar satisfeitos. Também aumentou o número de pessoas que se sentem ouvidas pelo governo”, afirmou em suas redes sociais.

Segundo Lula, a reconstrução institucional tem sido guiada pela escuta ativa e pela participação social: “Assumimos o compromisso de reconstruir as políticas públicas, a confiança nas instituições e o lugar do Brasil no mundo. Os dados mostram que o país está no rumo certo.”

Integridade e combate à corrupção

O relatório de integridade da OCDE destaca que o Brasil consolidou avanços importantes em governança e transparência. O país foi o primeiro do G20 a passar por uma revisão de integridade em 2012 e, mais recentemente, estruturou o Sistema de Integridade, Transparência e Acesso à Informação e o Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025–2027.

A diretora de Governança Pública da OCDE, Elsa Pilichowski, elogiou os resultados: “Os últimos anos mostram que o Brasil está na direção certa. É raro vermos histórias tão positivas atualmente.”

Estado capaz e transparente

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, os ministros Guilherme Boulos, Vinicius Carvalho e Esther Dweck afirmam que os resultados decorrem de uma “firme orientação de governo para reconstruir a capacidade e a confiança do Estado”. Eles destacam a reestruturação de quadros de servidores, a transformação digital centrada no cidadão e o fortalecimento dos mecanismos de integridade e auditoria.

Nos governos Lula e Dilma, o país criou instrumentos duradouros de controle democrático, como o Portal da Transparência, a Lei de Acesso à Informação e a Lei Anticorrupção. No atual mandato, essa agenda voltou a ser tratada como política de Estado.

Confiança e transição climática

O fortalecimento institucional também tem sido apresentado como condição para a transição climática justa, tema central da COP30, sediada em Belém. “Sem integridade, políticas ambientais perdem legitimidade. Sem participação, perdem aderência”, diz o artigo dos ministros.

A aprovação do Acordo de Escazú, primeiro tratado ambiental da América Latina e do Caribe, reforça esse compromisso com transparência e democracia ambiental.

Uma trajetória reconhecida

Para a OCDE, reconstruir o Estado é reconstruir o futuro democrático. A confiança pública no governo é, ao mesmo tempo, resultado e insumo para o desenvolvimento. No caso brasileiro, a melhora dos índices reflete políticas de transparência, combate à corrupção e ampliação da voz cidadã.

Os relatórios internacionais indicam que o Brasil voltou a trilhar uma trajetória institucional sólida, de um Estado capaz de agir com legitimidade, eficiência e orientação pública — pilares de uma democracia fortalecida e de um desenvolvimento sustentável.

(por Cezar Xavier)