Lula e governo defendem investimento em inteligência para combater facções
Em meio à repercussão causada pela mais letal operação policial da história, comandada pelo governo do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo federal se manifestaram reforçando a necessidade de o combate ao crime organizado seguir o caminho oposto ao escolhido por Cláudio Castro: em vez da brutalidade, que também vitimiza policiais e populações vulneráveis, o investimento em inteligência, mirando aquilo que, de fato, pode desarticular as facções.
Pelas redes sociais, o presidente declarou: “Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”.
Ele continuou lembrando da operação realizada em agosto pela Polícia Federal, “a maior contra o crime organizado da história do país, que chegou ao coração financeiro de uma grande quadrilha (o PCC) envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro”.
Lula também chamou atenção para a PEC da Segurança, encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional em abril, pela qual, afirmou, “vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”.
Outra manifestação contundente veio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta quarta-feira (29), ele ressaltou que o governo do estado do Rio “tem feito praticamente nada com relação ao contrabando do combustível, que é como você irriga o crime organizado”.
Também destacou que “para pegar o andar de cima do crime organizado, você tem que combater de onde está vindo o dinheiro” e acrescentou: “No caso do Rio de Janeiro, todo mundo sabe que está vindo da questão do contrabando de combustível, da fraude tributária, simulação de refino, distribuição de combustível batizado”.
Matar não adianta
Além dessas manifestações, o governo Lula lançou vídeo no qual reforça sua posição sobre o combate a esse tipo de organização. Em linguagem fácil e rápida, o vídeo diz que o medo e a raiva da população diante da violência fazem parecer que “matar criminosos seja a solução; é isso que explica a operação no Rio”.
Mas, continua, “operações como essas também colocam policiais, crianças e famílias inocentes em risco” e “matar 120 pessoas não adianta nada no combate ao crime”.
Lembrando frase dita pelo ex-governador bolsonarista do RJ Wilson Witzel — afastado em 2021 e que defendia como política de segurança “mirar na cabeça” de criminosos —, o vídeo diz que “para combater o crime, precisa mirar na cabeça, mas não de pessoas: tem que atacar o cérebro e o coração dos grupos criminosos”, mostrando propostas e medidas com base em inteligência e planejamento tomadas pelo governo federal.
Ação conjunta
De maneira mais concreta, para enfrentar com celeridade a crise que se abate sobre o Rio, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski anunciou, juntamente com Cláudio Castro nesta quarta-feira (29), a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado, coordenado pelo secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, e pelo secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.
“Esse será um embrião do que queremos implementar nos estados com a PEC da Segurança Pública para enfrentar o flagelo que é a criminalidade organizada”, disse Lewandowski, em coletiva nesta quarta-feira (29).




