Lula e Sheinbaum, do México, rechaçam ofensiva dos EUA no Caribe e no Pacífico
Em meio à escalada imperialista dos Estados Unidos no Mar do Caribe e Oceano Pacífico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (24), discordar de ataques a outros países sob o pretexto do combate ao narcotráfico, defendeu a soberania das nações e sinalizou que pode tratar do assunto no encontro que deverá ter com Donald Trump no domingo (26).
“É muito melhor os Estados Unidos se disporem a conversar com a polícia dos outros países, com o Ministério da Justiça dos outros países, para a gente fazer uma coisa conjunta”, declarou Lula, durante coletiva de imprensa em Jacarta, na Indonésia.
Ele prosseguiu dizendo que “se a moda pega e cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer, onde vai surgir a palavra respeitabilidade da soberania dos países? Eu preciso discutir esses assuntos com o presidente Trump, se ele colocar na mesa”.
Lula esteve na Indonésia entre os dias 22 e 24. O objetivo principal da viagem foi fortalecer as parcerias estratégicas com o país e ampliar a presença do Brasil no Sudeste Asiático. De lá, Lula seguiu para a Malásia, onde participará de encontro com líderes asiáticos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), evento que abriu a possibilidade de encontro entre os dois chefes de Estado, para tratar do tarifaço e outras questões envolvendo as relações entre os países.
Respeito à soberania
Outra manifestação oficial, ocorrida na quinta-feira (23), deixou claro o rechaço dos governos latino-americanos com as recentes incursões imperialistas dos EUA.
Durante coletiva de imprensa, a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, condenou os ataques comandados pela Casa Branca, que destruíram embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico em águas internacionais. Os ataques também incluem o Oceano Pacífico, que banha parte do seu país.
A fala da presidenta ocorreu nesta quinta-feira (23), durante coletiva de imprensa. “Obviamente, discordamos. Existem leis internacionais que regem sobre como lidar com o suposto transporte ilegal de drogas ou armas em águas internacionais e já expressamos isso ao governo dos Estados Unidos”, declarou.
Sheinbaum também salientou que a soberania e o direito internacional devem ser respeitados, fazendo referência à reforma constitucional aprovada no México para fortalecer a soberania e a autodeterminação diante de qualquer ato de intervenção externa.
Além disso, ponderou que sua estratégia de política externa prioriza o “diálogo franco” com o governo dos EUA em busca de soluções acordadas entre ambas as partes, mas enfatizou que isso nunca acontecerá “renunciando à nossa soberania e autodeterminação”.
10º ataque
Nesta sexta-feira (24), o governo Trump disse ter realizado o décimo ataque a uma embarcação na América Latina, desde que os EUA resolveram intervir na região — especialmente contra a Venezuela —, sob a desculpa de que estaria combatendo o narcotráfico.
O mais recente ataque ocorreu, segundo o secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegeseth, na madrugada desta sexta (24) no mar do Caribe.
Nesta semana, foram ampliadas as operações para a região do Oceano Pacífico perto da costa norte da Colômbia — o primeiro ocorreu na quarta-feira (22) e matou ao menos duas pessoas.
Ao todo, até o momento, houve dois ataques no Pacífico, e outros oito no mar do Caribe, caso da ofensiva anunciada nesta sexta.




