Petro responde alegações falsas e ameaças do ‘ignorante’ Trump
O presidente colombiano, Gustavo Petro, reagiu às ofensas e mentiras proferidas por Donald Trump. O norte-americano tem o líder sul-americano em sua mira há tempos, mas passou a elevar o tom nos últimos meses, desde que Petro o desafiou na Assembleia Geral da ONU e pediu investigações de ataques dos EUA no Caribe.
Em publicação na rede X, Petro chamou Trump de “rude” e “ignorante” sobre a Colômbia. Em sua fala, que vai da sugestão de leitura do clássico “Cem Anos de Solidão” à reafirmação de seus princípios socialistas, o colombiano disse que o governo dos EUA ameaça a humanidade pela ganância por petróleo.
Ao rebater diretamente a acusação de envolvimento com tráfico de drogas, pontuou: “Se eu não sou um empresário, muito menos um traficante de drogas, não há ganância em meu coração. Eu nunca consegui me identificar com a ganância. Um mafioso é um ser humano que personifica o melhor do capitalismo: a ganância. E eu sou o oposto, um amante da vida e, portanto, um guerreiro milenar da vida. A ganância nos escapa, porque a vida é mais poderosa.”
O posicionamento ocorre em revide a Trump, que, sem apresentar qualquer prova, fez uma grave declaração na rede Truth Social, neste domingo (19): “Petro, da Colômbia, é um líder de drogas ilegais encorajando fortemente a produção massiva de drogas por toda a Colômbia. Tornou-se o maior negócio da Colômbia, de longe, e Petro não faz nada para parar isso, apesar de pagamentos e subsídios em larga escala dos EUA que não são nada além de um roubo de longo prazo contra a América”, disse Trump, que indicou que cortará de vez qualquer repasse financeiro para combater o tráfico e para programas humanitários.
Na sequência de ameaças, Trump ainda disse que, caso Petro não feche os campos de produção de drogas, ele irá fechá-los à força e “não será legal”.
A falsa alegação permeada de ameaças feitas pelo presidente dos EUA surgiu depois de Petro acusá-lo, no sábado (18), de violar a soberania colombiana ao atacar embarcações no Mar do Caribe sob o pretexto de guerra às drogas. Na colocação do presidente da Colômbia, o Exército dos EUA matou o pescador Alejandro Carranza, desmentindo a alegação dos militares de que o barco atingido era da guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional).
“O barco do pescador de Santa Marta não pertencia ao ELN; pertencia a uma família humilde que amava o mar e tirava seu alimento de lá. O que você diz a essa família? Explique-me por que você ajudou a assassinar um humilde pescador de Santa Marta, a terra onde Bolívar morreu, e que dizem ser o coração do mundo. O que você diz à família do pescador Alejandro Carranza? Ele era um ser humano humilde”, publicou Petro no X.
A mentira sobre a embarcação foi veiculada pelo secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, com imagens genéricas de um ataque aéreo sem comprovação ou evidência de ligação com tal guerrilha ou de que era uma embarcação que transportava entorpecentes. Um vídeo similar foi publicado no último dia 14, com ataque a outro barco.
O novo episódio de tensão acontece em meio à ocupação militar dos EUA no Caribe, que visa desestabilizar o governo da Venezuela. Com bombardeios em mar aberto contra barcos na costa dos países vizinhos e ameaças de ataques aéreos em terra firme, o Brasil acompanha de perto a situação e deverá atuar para esfriar o ímpeto dos EUA. Com a recente aproximação com Lula, o governo brasileiro deverá levar a Trump que ele não tem nada a ganhar com um conflito no continente, do mesmo modo que não faz sentido manter sanções comerciais contra um parceiro comercial como o Brasil.




