Receita identifica 267 postos de combustíveis e R$ 4,5 bilhões ligados ao PCC

Na manhã desta quinta-feira (25), ocorreu uma nova etapa da operação integrada que investiga a ligação da facção PCC com fintechs da Faria Lima. Agentes da Receita Federal, do Ministério Público paulista e da Polícia Militar de São Paulo, entre outros órgãos, cumpriram 25 mandados de busca e apreensão na capital e cidades da Grande São Paulo, Baixada Santista e Vale do Paraíba. Mais de 110 policiais do Choque participaram das buscas.
A denominada Operação Spare (termo do boliche que significa derrubar todos os pinos em dois arremessos na mesma rodada) é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que em agosto revelou a ligação do crime organizado com empresas do mercado financeiro (fintechs) para a lavagem de dinheiro e sonegação fiscal por meio do setor de combustíveis.
Os criminosos, alvos dos mandados desta quinta-feira, exploravam combustíveis adulterados e jogos de azar e, em seguida, atuavam para legalizar o dinheiro ao comprar imóveis e lojas, ocultando patrimônio.
Segundo a Receita, a estrutura criminosa foi identificada pela concentração de empresas em nome de um único prestador de serviços, que controlava 400 postos de combustíveis, sendo 200 vinculados diretamente a ele e seus associados.
A Receita Federal identificou 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, aponta o órgão.
“O sofisticado esquema revelado na ‘Carbono Oculto’ também era operado pelos alvos da ‘Spare’. Recursos de origem ilícita eram inseridos no setor formal por meio de empresas operacionais. Esse movimento se dava em espécie e por maquininhas via fintechs, e posteriormente os recursos lavados eram reinvestidos em negócios, imóveis e outros ativos, por meio de Sociedades em Conta de Participação (SCP)”, relata a Receita Federal.
Conforme a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo: “a investigação revelou que máquinas de cartão apreendidas em casas de jogos clandestinos, em Santos, estavam vinculadas a postos de combustíveis. O cruzamento das informações financeiras demonstrou que os valores eram desviados para uma instituição de pagamento, utilizada para ocultar a origem ilícita e movimentar recursos milionários.”
Logo após a Receita identificar que o PCC estava ocultando os valores obtidos pela criminalidade por meio de fintechs (empresas financeiras que utilizam tecnologia para oferecer serviços inovadores), o governo Lula igualou a fiscalização sobre essas empresas de tecnologia financeira às mesmas regras aplicadas aos bancos tradicionais como forma de combater a expansão do crime organizado.