Lula anuncia US$ 1 bilhão para o Fundo de Florestas Tropicais

“O Brasil vai liderar pelo exemplo e se tornar o primeiro país a se comprometer com investimento no fundo, com US$ 1 bilhão.” Com esta frase, o presidente Lula anunciou, na terça-feira (23), em Nova York, Estados Unidos, o aporte para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, da sigla em inglês) e deu ainda mais robustez às iniciativas da delegação brasileira levadas para a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Com um impactante discurso em defesa da democracia e de condenação ao genocídio na Faixa de Gaza, ao abrir a 80ª Assembleia, o presidente Lula ainda teve como saldo um rápido encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump. A situação foi comentada pelo norte-americano em tom amistoso, em que apontou para a possibilidade de uma reunião entre os dois na próxima semana, o que desagradou bolsonaristas ao demonstrar que a diplomacia adotada por Lula, com respeito e altivez em defesa da soberania, tem se mostrado eficaz ao não ceder a qualquer ameaça oportunista.
A demonstração de que Lula e o governo federal seguem firmes também na agenda ambiental veio na sequência, com a reunião sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, organizada pelo Brasil e o secretariado das Nações Unidas. Cerca de 40 nações estiveram representadas no encontro.
A iniciativa faz parte das entregas da COP30 (Conferência do Clima) que acontece em Belém (PA), em novembro. O mecanismo de financiamento é inédito e o Brasil é o primeiro país a anunciar o aporte: US$ 1 bilhão (equivalente a R$ 5,3 bilhões).
A expectativa é que outros países anunciem suas contribuições na Conferência do Pará: “Convido todos os parceiros presentes a apresentarem contribuições igualmente ambiciosas para que o TFFF possa entrar em operação na COP30, em novembro, na Amazônia”, disse Lula.

A ideia é que o Fundo de financiamento faça pagamentos permanentes aos países que preservem suas florestas. É esperado o pagamento de US$ 4 bilhões por ano. Mais de 70 países em desenvolvimento que abrigam florestas tropicais são elegíveis para receber os valores que serão administrados pelo Banco Mundial.
O valor anunciado pelo Brasil tem como condicionante o apoio de outros países. A construção do fundo prevê aportes de US$ 25 bilhões pelas nações soberanas e de outros US$ 100 bilhões captados junto à iniciativa privada.
A construção do TFFF é liderada pelo Brasil desde a COP28, em Dubai, em diálogo com outros países e organizações da sociedade civil. O diferencial do Fundo é não ter como base doações, mas sim investimentos, uma vez que as contribuições ficarão em uma carteira de renda fixa de longo prazo.
Outro diferencial é que os recursos pagos aos países deverão ter repasse de 20% aos povos indígenas e comunidades tradicionais, principais responsáveis pela preservação do meio ambiente.
Durante a sessão de abertura da reunião sobre o Fundo, Lula se encontrou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente da França, Emmanuel Macron, entre outras lideranças.
