Maioria acredita que houve tentativa de golpe com atuação de Bolsonaro

A maioria dos brasileiros, 55%, concorda que houve uma tentativa de golpe de Estado e 54% veem participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado na semana passada a mais de 27 anos de prisão. Os dados fazem parte de pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (17).
A percepção da população sobre a trama golpista veio crescendo nos últimos meses: o percentual dos que acreditavam na existência de um plano desse tipo era de 52% em agosto e de 51% em dezembro.
Esses dados parecem refletir o andamento do processo e sua publicização: as provas colhidas ao longo da investigação e, depois, a apresentação da denúncia pela Procuradoria-Geral da República foram deixando cristalina a conspiração chefiada pelo ex-presidente e outros sete aliados próximos.
A condenação do ex-presidente e desses aliados, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no dia 11 — véspera do início da pesquisa, que foi de 12 a 14 de setembro —, coroou essa percepção.
Ainda de acordo com o levantamento, 38% acham que não houve tentativa de golpe, percentual que se manteve estável na comparação com a pesquisa anterior; outros 7% não souberam ou não responderam — índice que era de 12%. Além disso, 34% não acham que Bolsonaro tenha feito parte da trama (eram 36% antes) e 10% não souberam ou quiseram responder.
Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, “a pesquisa revela que o julgamento acabou trazendo mais problemas do que soluções para o ex-presidente: consolidou-se a percepção de que houve uma tentativa de golpe envolvendo Bolsonaro e os militares”.
Visão sobre o processo
A pesquisa também mostrou visão mais positiva dos brasileiros a respeito de como a ação contra o ex-presidente foi conduzida, bem como a imagem do ministro Alexandre de Moraes, que esteve à frente do caso como relator.
Se na aferição anterior 36% achavam que o processo foi imparcial, agora esse percentual é de 42%. Ao mesmo tempo, caiu de 52% para 47% o percentual dos que acreditam ter havido perseguição. Os que não souberam ou quiseram responder somam 11%.
Outro dado trazido é que houve uma considerável redução entre os que defendem o impeachment de Moraes: antes, eram 46%, percentual que agora é de 36%. Já os que rejeitam essa possibilidade passaram de 43% para 52%.
Ainda de acordo com a pesquisa, 41% são contra a anistia; 36% defendem anistia geral e 10% concordam com a anistia sem Bolsonaro. À GloboNews, Nunes disse que somando-se os 41% e os 10%, conclui-se que “não há clima na sociedade brasileira, hoje, para uma anistia em relação ao ex-presidente”. Apesar disso, a extrema direita insiste em emplacar a anistia de Bolsonaro. Considerada inconstitucional, a proposta deve ser barrada no STF se passar pelo Congresso.
A pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 14 de setembro com 2.004 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%.