Amazônia perdeu o equivalente a uma França em vegetação nativa em 40 anos

Um dos biomas mais importantes para a vida humana, a Amazônia perdeu o equivalente ao território da França em vegetação nativa nos últimos 40 anos.
Ao todo, foram retirados 52 milhões de hectares, perda de 13% do total, entre 1984 e 2024, segundo dados do MapBiomas. A análise é feita a partir de imagens de satélite.
Segundo apurado, essa supressão incidiu principalmente sobre formações florestais, que perderam quase 50 milhões de hectares (49,1 milhões) de área. Em 2024, último ano da série histórica do MapBiomas, a vegetação nativa cobria 381,3% do bioma; 15,3% são ocupados por uso antrópico (ação humana).
Bruno Ferreira, integrante da ONG, alerta que a floresta está próxima de atingir o ponto de não retorno e completa: “Já podemos perceber alguns dos impactos dessa perda de cobertura florestal, como nas áreas úmidas do bioma. Os mapas de cobertura e uso da terra na Amazônia mostram que ela está mais seca”.
Agronegócio
O levantamento mostra, ainda, que a ocupação humana da floresta ocorreu principalmente nesse período, correspondendo a 83%. “Somando todos os usos antrópicos da terra, eles aumentaram 471% (+57 milhões de hectares) nas últimas quatro décadas”, afirma a análise.
Nesse período, houve um avanço de 43,8 milhões de hectares de pastagem – o uso antrópico que mais se expandiu, segundo o MapBiomas.
De acordo com o levantamento, as pastagens passaram de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões de hectares em 2024 – um crescimento de 355%.
Em termos percentuais, porém, a expansão mais expressiva foi da silvicultura, que passou de 3,2 mil hectares em 1985 para 352 mil hectares em 2024 – um aumento de mais de 110 vezes em 40 anos.
A área de agricultura, por sua vez, cresceu 44 vezes (4.321%), passando de 180 mil hectares (1985) para 7,9 milhões de hectares (2024) — a grande maioria, 74%, é de plantações de soja.
A mineração também vem ganhando relevância, passando de 26 mil hectares em 1985 para 444 mil hectares em 2024.
Enfrentamento
Bem como ocorreu em mandatos anteriores, o governo Lula vem investindo numa série de ações a fim de cessar o desmatamento e recuperar áreas de vegetação e cobrando a colaboração de outros países.
Um dos mais importantes foi a retomada dos investimentos do Fundo Amazônia, com o compromisso de desmatamento zero até 2030. A realização da COP 30 em Belém também terá papel central neste sentido.
Uma das iniciativas mais recentes anunciadas, no início de setembro, foi o Programa “União com Municípios”, para o qual estão previstos R$ 150 milhões, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater).
Segundo anunciado pelo Ministério do Meio Ambiente, de agosto de 2024 a julho de 2025, as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia atingiram 4.495 km², o segundo menor nível da série histórica do sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Isso representa aumento de 4% em relação ao ciclo anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, quando foram identificados 4.321. A alta teve forte influência dos incêndios ocorridos na região no segundo semestre do ano passado.
Na comparação às áreas sob alerta de desmatamento por corte raso, sem o uso do fogo, a queda foi de 8% em relação ao ciclo anterior, atingido o menor patamar de toda a série histórica do Deter.
Com agências
(PL)