Vídeo mostra equipe de resgate segundos antes de ser atingida por míssil | Foto: Arab News

Forças israelenses realizaram dois ataques ao Hospital Nasser, único em funcionamento no sul da Faixa de Gaza, resultando em pelo menos 20 mortos palestinos, incluindo equipes de resgate e profissionais de imprensa.

O Hospital Nasser, a principal e última unidade de saúde em operação no sul da Faixa de Gaza, foi alvo de dois bombardeios das forças israelenses na quarta-feira. O ataque resultou em mortes, interrompeu serviços médicos críticos e provocou a condenação de autoridades palestinas e organizações de direitos humanos.

De acordo com relatos do Ministério da Saúde da Palestina, o primeiro ataque atingiu os andares superiores do complexo hospitalar. O segundo ataque, que seguiu minutos depois, foi lançado contra as equipes de resgate que trabalhavam para salvar as vítimas do bombardeio inicial.

Em comunicado, o Ministério descreveu o episódio como causador de “pânico e caos generalizado”, que interrompeu as operações na unidade cirúrgica e privou “pacientes e feridos de seu direito ao tratamento”. A pasta classificou a ação israelense como “uma continuação da destruição sistemática do sistema de saúde, uma continuação do genocídio e um desafio flagrante ao mundo inteiro”.

Jornalistas entre as vítimas

Um dos aspectos mais alarmantes do incidente foi a morte de vários jornalistas que cobriam os desdobramentos da guerra na região. De acordo com o Escritório de Mídia do Governo de Gaza, os profissionais estavam em uma missão de cobertura no hospital quando foram atingidos.

Entre os mortos confirmados estão:

    Hossam al-Masri: Jornalista e fotógrafo que trabalhava para a Reuters.

    Mohammed Salama: Profissional que atuava para a Al Jazeera.

    Mariam Abu Daqa: Jornalista que colaborava com agências de notícias árabes e a Associated Press.

    Moaz Abu Taha: Que trabalhava para a rede americana NBC.

    Ahmed Abu Aziz: Jornalista dos portais Middle East Eye e Al Quds, que sucumbiu aos ferimentos mais tarde.

O Escritório de Mídia acusou Israel de cometer um “crime horrível” ao bombardear o grupo de jornalistas e afirmou considerar “a ocupação israelense, a administração americana e os países que participam do crime de genocídio, como Reino Unido, Alemanha e França, totalmente responsáveis”.

A Defesa Civil de Gaza, conhecida como Equipes de Proteção e Resgate, também confirmou a morte de um de seus bombeiros, Emad Abdel Hakim al-Shaer, e ferimentos em outros sete socorristas durante a operação de resgate.

“Exigimos a suspensão imediata do ataque a instalações médicas e da entrada de suprimentos essenciais,” disse Mahmoud Basal, porta-voz da entidade.

O Exército israelense, que habitualmente comenta operações horas ou dias depois, não se manifestou imediatamente sobre o incidente específico no Hospital Nasser. Historicamente, Israel alega que grupos militantes, como o Hamas, utilizam instalações civis e hospitais para operações militares, acusação repetidamente negada pelos grupos palestinos e investigada por organizações internacionais.

Os ataques de Israel lançados após o 7 de outubro de 2023, já causaram a morte de dezenas de milhares de palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza. A ONU e outras entidades alertam constantemente para a crise humanitária catastrófica e o colapso do sistema de saúde no território.

A morte de jornalistas em Gaza atingiu um número sem precedentes. De acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), mais de 240 profissionais de mídia foram mortos no território desde o início da guerra, um fato que levanta preocupações globais sobre a liberdade de imprensa e a segurança dos repórteres em zonas de conflito.

Fonte: Papiro