Desenho de Marwan Barghouti no momento em que disse desconhecer o tribunal da ocupação de Israel que o condenou à prisão perpétua | Foto: Morning Star

O ministro encarregado da polícia e das prisões israelenses, o fascista fanático, Itamar Ben-Gvir, na mais grave de suas provocações visitou a solitária onde o Nelson Mandela palestino se encontra há dois anos para se fazer filmar ao dizer ao maior dos líderes palestinos – visivelmente envelhecido após anos de maus tratos em masmorras israelenses – que “Vocês não vencerão”. Quando Barghouti, altivo e tranquilo, esboça uma resposta, o vídeo é cortado.

Além de uma estupidez, típica de quem assassina crianças pela fome, a ida de Gvir à cadeia (apesar de sua obtusidade não permitir que o perceba) é um reconhecimento tácito da liderança e da grandeza de quem se recusou a reconhecer o tribunal israelense da ocupação que o condenaria, sem apresentar prova de nenhum dos crimes que lhe imputaram, a quatro penas de prisão perpétua e mais 40 anos.

Devido à importância da análise do gesto de Gvir e do histórico de Barghouti, trazidos no editorial desta quinta-feira (21) com o título original de “A zombaria a Marwan Barghouti mostra as intenções genocidas de Israel”, republicamos os principais trechos da matéria divulgada pelo jornal inglês Morning Star.

“Na semana passada, o mundo vislumbrou um futuro diferente e melhor para os povos da Palestina e de Israel. Marwan Barghouti apareceu em um videoclipe de 13 segundos de sua cela na prisão de Megiddo, vestido com uma camiseta e calças, um fantasma magro e grisalho do homem que recebeu cinco sentenças de prisão perpétua em 2004 após um julgamento simulado ridículo.”

A confirmação visual de sua sobrevivência após vários ataques físicos, episódios de tortura e longos períodos de confinamento solitário – apontou a publicação – deveria ter sido motivo de alegria, não apenas para o povo palestino, mas para os israelenses e todos que desejam uma resolução justa e pacífica para o conflito Israel-Palestina.

“Barghouti é reconhecido internacionalmente como o único líder em potencial capaz de unir os palestinos de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.” Membro eleito do Conselho Legislativo Palestino, ele tem sido um defensor consistente de uma “Solução de Dois Estados”, pela qual um Estado palestino soberano coexistiria pacificamente com o Estado de Israel, cada um dentro de suas fronteiras acordadas e seguras.

“Ele desempenhou um papel inspirador à frente da Segunda Intifada, que se seguiu à repressão brutal de Israel ao primeiro movimento de massa não militar contra a ocupação ilegal de territórios palestinos.

Embora a recusa de Israel em implementar os Acordos de Oslo e o progresso em direção à criação de um Estado palestino tenha provocado uma nova rodada de luta armada, Barghouti se recusou a concordar com o Hamas e outras organizações de que os civis israelenses são um alvo legítimo.”

Em 2002, ele foi detido após o fracasso de várias tentativas de assassinato e preso em 2004 acusado por Israel de suposta participação no planejamento de ataques terroristas. “A União Interparlamentar, organização internacional à qual pertence a maioria dos parlamentos eleitos do mundo, condenou o julgamento como uma farsa, durante a qual nenhuma prova crível do suposto papel de Barghouti foi sequer apresentada.”

Com seu amplo apoio entre o povo palestino de todo o espectro político e seus laços de longa data com israelenses progressistas e amantes da paz, pode-se perguntar: quem melhor para ajudar a negociar um acordo de paz justo e permanente entre vizinhos?, observa o Morning Star.

No entanto, sua aparição na prisão foi filmada a pedido de seu visitante mais antigo, o Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, acompanhado pelo diretor da prisão.

Ben-Gvir, um defensor declarado do massacre de civis palestinos — incluindo mulheres e crianças —, foi até Megido para “despejar uma onda de ódio e humilhação sobre seu prisioneiro indefeso”.

Um dos maiores entusiastas do genocídio no gueto de Gaza, do apartheid “bíblico” e do Eretz Israel, Bem-Gvir teve a desfaçatez de dizer ao Mandela palestino, como Barghouti se tornou conhecido, que “quem mexer com a nação de Israel, quem assassinar nossas crianças e mulheres, nós os eliminaremos”. Isso quando o mundo presencia ao vivo os supremacistas praticarem o que projetam sobre os outros. 

Quando Barghouti tentou responder, foi imediatamente interrompido.

O celerado ministro israelense posteriormente postou o clipe nas redes sociais.

“Por que tanta determinação em abusar e humilhar Barghouti, depois de todos esses anos?”, questiona o jornal progressista inglês.

“O motivo é comprovado pelo ataque das IDF às ruínas da Cidade de Gaza hoje. O regime vil de Benjamin Netanyahu quer apenas a paz do cemitério. Sua intenção genocida é destruir os palestinos como povo, tanto na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental quanto em Gaza. Sobre as cinzas, e com o apoio ocidental, o regime criminoso de Tel Aviv espera impor sua solução final de “um único Estado [judeu]” para a questão palestina.” 

Para concluir, o Star indaga por quanto tempo mais o governo trabalhista britânico armará e fornecerá outro apoio logístico aos crimes contra a humanidade de Israel. “Continuará a seguir o caminho sangrento de Netanyahu e Ben-Gvir ou o proposto por Barghouti, o Nelson Mandela da nossa era?”.

Fonte: Papiro