O projeto de resolução ao 16º Congresso do PCdoB tem a sensibilidade de destacar como lema em sua capa a frase de um dos poetas da revolução socialista, o maior, Vladimir Maiakovsky.  Ele cantava: “Que os meus ideais sejam tanto mais fortes quanto maiores forem os desafios, mesmo que precise transpor obstáculos aparentemente intransponíveis.”

Obstáculos estes, evidenciados no extenso e profundo texto da tese ao 16º Congresso e que merece a cada item uma releitura, uma reflexão e uma tomada de posição, em especial quanto à direção da tática e da estratégia, para que cada militante entenda a direção da tática do dia a dia, imbricada com a estratégia maior, que é a superação do capitalismo nesta fase neoliberal, que significaria uma primeira fase da construção do Socialismo.

Guiados pelo belo poema do poeta da revolução e diante da necessidade da saída da crise de grande dimensão que vivemos na atualidade em nosso país, temos a tarefa da construção de uma grande frente sob a liderança da esquerda, lutando por uma nova vitória de Lula em 2026. Eis uma das orientações centrais do texto. Essa frente deverá contar com um programa que aponte para superação das profundas desigualdades, do ataque à concentração de renda, com transformações estruturais do Brasil. É preciso enfrentar o imperialismo, fazer a reforma urbana, fortalecer o SUS, a reforma da educação pública e gratuita, realizando essas e outras reformas estruturais que nosso partido vem apontando desde o seu Programa Socialista para o Brasil.  A dimensão estratégica, de forma dialética, é parte da dimensão tática, pois prepara e tem o norte no socialismo. O sentido estratégico reside precisamente no acúmulo de forças para superar, por meio de reformas e rupturas, os entraves para a efetivação do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, rumo ao socialismo.

O título desse breve texto está relacionado ao item 135 e 136  da tese: Estar com o povo, lutar junto com o povo. Relendo Lênin, dirigente da revolução russa, em um dos clássicos de sua produção, “O esquerdismo, doença infantil do comunismo”, escrito no ano de 1920, três anos após a vitoriosa insurreição do proletariado, o dirigente russo evidenciava que uma das condições da vitória dos bolcheviques foi a justeza da linha do Partido, desde que aceita e reconhecida pelas massas. Lênin, analisando seu próprio partido, destaca que “os bolcheviques não se teriam mantido no poder, não digo dois anos e meio, mas nem sequer dois meses e meio, sem uma disciplina rigorosíssima, verdadeiramente férrea” Mais ainda, sem a confiança no papel revolucionário do partido pelas amplas massas do povo, toda a teoria acaba ficando sem o alicerce, sem o cimento. Por isso, ainda destaca Lênin,  sem “o apoio mais completo e abnegado ao Partido por toda a massa da classe operária, isto é, por tudo quanto ela possui de pensante, de honrado, de abnegado, influente, capaz de arrastar consigo ou de atrair as camadas atrasadas”. Dessa forma, Lênin demonstrou como os bolcheviques impuseram fragorosa derrota sobre a burguesia. O dirigente russo aponta três elementos fundamentais para a vitória: a consciência da vanguarda proletária; a capacidade de se aproximar (se fundir) com as mais amplas massas proletárias e não proletárias (alianças) e a justeza da direção política exercida.

                                                                                                                                                           
Compreender a realidade massacrante, exploratória e opressora vivida pelas amplas massas do povo, em especial as mulheres, e entre elas as negras e periféricas, conhecer suas histórias, colocar-se junto com as massas, se tornar elo de ligação com o povo real, para a efetivação de uma relação concreta de reconhecimento da liderança partidária e da construção do socialismo no chão da luta do nosso povo, nos bairros, fábricas, escolas, onde quer que o povo trabalhador esteja.

*Assistente Social. Secretária de Mulheres do PCdoB/PR e dirigente do Comitê Municipal de Curitiba/PR