Destaca-se no capitalismo contemporâneo uma realidade: os países onde predomina o neoliberalismo (o chamado G7) e os que estão presos as suas teias, localizados principalmente na América Latina, estão com suas economias estagnadas nos últimos 30 anos; enquanto os países capitalistas da Ásia e da África, que abandonaram o neoliberalismo, cresceram neste mesmo período (como a Índia, Malásia, Indonésia, Coréia do Sul, Tailândia, Paquistão, Etiópia, Tanzânia, Egito, Nigéria, entre outros).

Também se destaca o crescimento econômico vertiginoso neste período das nações socialista da China e Vietnam. Este crescimento se deve a aplicação por inteiro das duas indicações de Marx ao final do capítulo 49 de O Capital: a primeira: “é uma falsa abstração considerar que uma nação … seja uma corpo  coletivo que trabalha apenas para satisfazer as necessidades nacionais” e “em segundo lugar, posteriormente à abolição do modo de produção capitalista, porém mantendo-se a produção social, continuará a predominar a determinação do valor no sentido de que a regulação do tempo de serviço e a distribuição do trabalho social entre os diferentes grupos de produção – e, por último, a contabilidade relativa a isso – se tornarão mais essenciais do que nunca. (Grifado por mim).

De acordo com essas indcações, os Partidos Comunistas da China e do Vietnam, mantém suas economias no mercado mundial e para desenvolver as forças produtivas em ritmo superior aos das nações capitalistas, utilizam como um elemento ainda mais essencial, a lei do valor. Ora, desnecessário acrescentar que lei do valor é a que orienta a troca de mercadorias, ou seja, o socialismo precisa desenvolver o mercado! É tarefa do socialismo fazer “a riqueza jorrar em abundância”. Essas questões, que não foram resolvidas pelas antigas experiências socialistas, contribuíram para as derrotas daquelas experiências. Portanto são novas vitórias da construção socialista.

Também os comunistas chineses destacam constantemente que o crédito tem que ser direcionado à economia real. Significa que entenderam profundamente que o capital portador de juros, que é a base do crédito, pode ser destinado à economia fictícia ou à economia real. Aliás, quando Marx disseca o capital fictício, destaca, inicialmente, a dívida pública, com toda a razão. Isso porque alguém que compre um título da dívida pública que pode trocar por qualquer mercadoria, mas é um título que não corresponde à riqueza nenhuma porque o Estado já utilizou o dinheiro pelo qual vendeu o título.

O que levou à bifurcação no capitalismo foi o fato de uma parte dele estar comandada pelo capital fictício e a outra pelo capital real. Ou seja, na primeira o crédito via preferencialmente para a especulação e na outra para a produção. Aliás, Lênin chamava de capital financeiro “a fusão ou junção do banco com a indústria”. Nada mais do que isso. Desnecessário demonstrar que, nas nações neoliberais não predomina mais o capital financeiro e sim o capital fictício. O capital financeiro, como a vida demonstrou e que predominou no conjunto do capitalismo até a década de 1970, acaba por fazer crescer a economia real. O capital fictício não; ele leva a economia à estagnação. Os países do G7 (EUA, Inglaterra, Japão, Itália, Alemanha, França e Canadá) são um bom exemplo.

Com base nestas reflexões, julgo que deveria ser alterada a parte Internacional, notadamente nos itens 3, 8 e 10.

*Servidor Público Federal (aposentado). Membro do Diretório Regional do PCdoB/RS. Judiciário Federal do RS.