Justiça da Itália mantém prisão da bolsonarista Carla Zambelli, a “intocável”

A Justiça da Itália decidiu, nesta sexta-feira (1º), manter a prisão da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). A determinação ocorre após autoridades locais terem feito uma primeira análise do caso da bolsonarista.
Com a decisão, Zambelli — que foi detida no dia 29 — deverá permanecer presa até o término do processo de extradição, solicitado pelo Brasil. Mas, seus advogados tentam conseguir sua libertação junto à Justiça italiana, o que deverá ser analisado em meados deste mês.
Por ora, ela se encontra no presídio de Rebibbia, nas proximidades de Roma. O local é a maior prisão feminina do país e hoje sofre com superlotação — tem capacidade para 272 mulheres, mas abriga 371.
A situação da bolsonarista não deixa de ser irônica para alguém que, por ser “cidadã italiana”, dizia ser “intocável” no país, motivo que a fez fugir do Brasil.
Zambelli estava foragida há cerca de dois meses, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pagar R$ 2 milhões em danos coletivos.
Segundo as investigações, ela foi a autora intelectual do crime, executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para o país europeu, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada, que passou a figurar na lista da Interpol. A decisão final sobre a extradição será da Justiça e do governo italianos. De acordo com estimativas de autoridades brasileiras, esse processo tende a ser longo, podendo se arrastar por até dois anos.
No Brasil, a condenação também rendeu a Zambelli a determinação, pelo STF, da perda de seu mandato, o que depende de decisão da Câmara. O caso deverá ser apreciado pela Comissão e Constituição e Justiça da Casa ainda neste mês.
Perseguição armada
Zambelli responde a outro processo na Justiça brasileira. Após reeleita, a deputada perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas da capital paulista, na véspera do segundo turno das eleições de 2022, ameaçando-o com uma arma de fogo.
Embora o STF tenha formado maioria de seis a zero pela sua condenação a cinco anos de prisão em regime semiaberto, a conclusão do julgamento foi adiada após pedido de vista feito pelo ministro Nunes Marques.