Ministra Luciana rechaça chantagem dos EUA e defende a ciência a serviço do Brasil

Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que preside nacionalmente o PCdoB, afirmou, durante a abertura do encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), transcorrida neste domingo (13), em Recife (PE), que “esta reunião se inicia num contexto em que os EUA ameaçam o Brasil com uma taxação de 50% sobre nossos produtos, numa clara tentativa de chantagem política e de ingerência em assuntos internos brasileiros. Mas aqui, nós estamos do lado do Brasil”.
Em outra entrevista, a ministra afirmou sobre a chantagem trumpista: “Nós estamos virando essa página, fazendo uma agenda de reconstrução. Atravessamos quatro anos da liderança da extrema-direita no Brasil, que incentivou todos os mecanismos da pior política: o ódio, a intolerância, a mentira como ferramenta de ação. Agora, temos crescimento econômico, geração de empregos e uma nova indústria. Essa tentativa de Trump de querer interferir nos interesses brasileiros não é nova. É uma política velha. E o Brasil não aceita esse tipo de interferência”.
Luciana foi ainda mais incisiva ao comentar a postura do filho de Bolsonaro, que se encontra nos EUA, Eduardo Bolsonaro e aliados da extrema-direita:
“Infelizmente, a gente tem uma extrema-direita subserviente aos interesses norte-americanos. É uma vergonha o que Eduardo Bolsonaro está fazendo. Se transfere, vai para os Estados Unidos e ainda veste a camisa verde e amarela. Mas o chapéu que eles usam é o dos EUA, não o do Brasil. São falsos patriotas, entreguistas, venderam o principal patrimônio do povo brasileiro quando puderam. Agora, nós estamos resgatando a verdadeira soberania nacional.”
Luciana destacou a emoção de iniciar o maior evento científico da América Latina em sua terra natal, reforçando o papel estratégico da ciência para a soberania nacional e o desenvolvimento social. Assinalou, ainda, a importância da ciência servir a um projeto de nação que una desenvolvimento, justiça social, sustentabilidade e soberania.
Defendeu, também, o fortalecimento do domínio tecnológico como caminho para garantir autonomia ao país. “Em um mundo 4.0, ciência, tecnologia e inovação são sinônimos de desenvolvimento e de autonomia. Não haverá desenvolvimento sem domínio tecnológico; nem justiça social sem democratização do saber”.
Luciana Santos, ao rememorar avanços recentes no setor, destacou a recomposição integral do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que possibilitou recordes de investimento em pesquisa, infraestrutura científica e capacitação.
“Com política pública, estamos conquistando um equilíbrio melhor. Em 2023 e 2024, tivemos R$ 1,5 bilhão em contratos de apoio não reembolsável e subvenções diretas a instituições e empresas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, sentenciou.
Realizada de 13 a 19 de julho, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a SBPC reúne cientistas, estudantes, professores, gestores públicos e a sociedade em geral para debater o futuro da ciência e da inovação no Brasil. Com o tema “Progresso é Ciência em Todos os Territórios”, a programação valoriza a ciência em todas as regiões do país e aproxima o conhecimento da população.
A vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause, destacou o papel da ciência como direito fundamental. “Eu falo a vocês com o coração cheio de esperança, de orgulho e, sobretudo, de responsabilidade. Falo como mulher da política que acredita que nosso povo tem direito ao futuro, que a ciência deve ser um direito de todas e todos, e não um privilégio de poucos”, disse.
A reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Maria José de Sena, ressaltou que a realização da reunião da SBPC na UFRPE é um momento histórico. “Para a nossa instituição, para o nosso Estado, para a nossa cidade e, sobretudo, para a ciência brasileira”, disse.
“Estamos reunidos para celebrar e refletir sobre o papel transformador da educação, da ciência e da tecnologia no desenvolvimento humano, social e econômico. Não há país que tenha alcançado justiça social, soberania e bem-estar sem ter feito investimentos consistentes nessas áreas. A ciência não é um luxo, é uma necessidade, como todos nós sabemos”, disse a reitora.
Maria José completou que a educação não é apenas um direito individual. “É o alicerce coletivo de um país que deseja crescer com equidade e dignidade. E a tecnologia, por sua vez, é o instrumento com o qual podemos enfrentar desafios antigos e emergentes: das mudanças climáticas à segurança alimentar, passando pela saúde pública”.
Fonte: Página 8