Avulta-se a luta pela soberania. Com a realização da recente Cúpula dos BRICS no Brasil e as ameaças de Trump às nações da articulação, essa batalha tornou-se mais presente e urgente. O Brasil, juntamente com as demais nações está sobre ataque. O Presidente Lula tem reagido à altura rebatendo as interferências do Império Norte-Americano. Urge transformar esses ataques em ofensiva de defesa da soberania nacional.

          A dominação estrangeira e subordinação da América Latina aos interesses dos países imperialistas tem sido marca expressiva de toda a sua história gerando atraso e pobreza. Eduardo Galeano em sua obra “Veias Abertas da América Latina” descreve: ”A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominadas para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de besta de carga.” (pg.230)  A nova realidade geopolítica global e a política agressiva de Trump nos coloca a oportunidade de virar essa página e iniciar um processo de independência econômica, política e cultural indispensável para o desenvolvimento da nação.

          Essa deve se transformar na principal bandeira do Partido e do Governo assim como do processo de reeleição do Presidente Lula. O embate deixa de ser entre esquerda e direita, governo e oposição, tornando-se a luta entre autossuficiência x subordinação. A bandeira da soberania está posta com força. E não só na luta contra as sanções econômicas do Império, mas também na luta contra todo tipo de interferências externas como a espoliação do capital financeiro. Como afirmou Lula: “Não aceitamos tutela de quem quer que seja”. Esse deve ser o mote. Mas urge levar essa luta para o povo. Mostrar para as populações como a dependência tem interferido na possibilidade de melhores condições de vida em todos os sentidos. Provocar os mais diferentes setores da sociedade a se posicionar sobre a necessária independência do país e do Governo. O Partido deve estar na linha de frente dessa batalha. É a oportunidade de desenvolver ampla campanha em defesa do Brasil, retomar a bandeira patriótica, desmascarar os falsos nacionalistas da extrema direita e colocar com força a necessidade de um projeto de nação soberana, progressista, democrática e desenvolvida como caminho para resolver os problemas do povo e da nação.

          Esse também pode ser o mote de nosso Congresso. O Congresso de defesa do Brasil. Tal campanha nos fornece enorme munição política e animação no processo de mobilização das bases e Conferências Estaduais e Municipais, energizando o Partido para a grande luta que está em curso.

          É hora de aglutinar amplos setores em torno dessa campanha em defesa do Brasil. Construir uma frente ampla envolvendo os mais variados segmentos da população, entidades, trabalhadores, estudantes, agentes políticos, personalidades, artistas, empresários e militares nacionalistas que terá impacto na população.

          Desenvolver uma campanha criativa de propaganda nas redes e nas ruas com slogans, símbolos, bandeira, camisas etc.

Essa campanha pode instar a necessidade de se criar uma Frente Organizada como uma corrente de pensamento progressista e soberano. Uma organização desse tipo pode se tornar estratégica para o processo de transformação estrutural que defendemos. Essa tem sido uma deficiência da luta de nosso povo. Outras nações construíram frentes dessa natureza que se transformaram em referência para o povo e o processo de luta. O Vietnã construiu a Frente de Libertação Nacional, a Venezuela o Movimento Bolivariano, o Uruguai a Frente de Esquerda, a Nicarágua a Frente Sandinista, Frente Farabundo Marti em El Salvador, na Argentina o Peronismo. A luta pela emancipação dos trabalhadores e do povo brasileiro necessita de um instrumento desse tipo para aglutinar e potencializar suas forças em busca das transformações impostas pela realidade. A Frente Brasil Popular pode se transformar nessa alternativa, mas exigiria investimento político e organizativo de peso.

          Essa luta está em sintonia com a principal batalha do Século XXI, entre o Ocidente Coletivo em decadência e o Sul Global que vai se tornando o motor do desenvolvimento da humanidade com instrumentos como os BRICS, as alianças estratégicas entre Rússia e China e particularmente com papel protagonista da China que vai se transformando no grande farol de defesa do socialismo como solução para os grandes problemas da humanidade.