Diplomatas correm ao escutarem tiros disparados por tropa de Netanyahu | Foto: Mohammed Ateeq/AFP

Diplomatas foram alvo de ataque das forças do exército israelense em visita oficial à Cisjordânia. A delegação com diplomatas europeus e de países árabes foi alvejada, nesta quarta-feira (21), quando estava visitando o acampamento de refugiados na cidade de Jenin.

O vídeo do incidente postado nas redes sociais mostra soldados israelenses disparando contra a delegação, que se afasta de um portão que estava bloqueando a estrada. “Fiquem perto da parede, fiquem perto da parede!”, alguém na delegação diz para o resto do grupo.

A delegação com mais de 25 diplomatas de vários países – entre eles o Reino Unido, França, Itália, e Canadá – estava visitando Jenin, na Cisjordânia, que tem sido alvo de ataques israelenses e demolição de residências, para avaliação da situação humanitária com a escalada assassina de Israel pós-rompimento do cessar-fogo há quatro meses, deixando um rastro de mortes e mais de 40.000 palestinos desabrigados.

O exército israelense usou a desculpa esfarrapada de que os tiros foram dados como aviso, para que a delegação se afastasse de uma área restrita. A delegação de diplomatas europeus estava em uma missão de paz e não representava nenhuma ameaça aos soldados.

“Estávamos fazendo uma visita com o governador de Jenin à fronteira do campo, para ver a destruição”, disse um diplomata europeu.

“Era a última parte da visita e de repente ouvimos tiros, vindos do acampamento de refugiados localizado em Jenin. Não foi uma ou duas vezes, eram tiros repetidos. Então, todos nós começamos a correr de volta para os carros”, acrescentou.

O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, disse que o incidente foi um “ato deliberado e ilegal”.

“O Ministério considera o governo de ocupação israelense total e diretamente responsável por este ataque criminoso e afirma que tais atos não passarão sem responsabilização”.

Kaja Kallas, chefe de política externa da União Europeia, disse que “qualquer ameaça à vida de diplomatas é inaceitável”. 

O governo da Itália exigiu uma explicação e disse que o embaixador de Israel será convocado ao Ministério das Relações Exteriores da Itália para prestar esclarecimentos sobre o ataque. O vice-cônsul italiano estava entre os alvejados na delegação.

“Este ataque, que colocou em risco a vida de diplomatas, é mais uma demonstração do desrespeito sistemático de Israel pelo direito internacional e pelos direitos humanos”, comunicou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia. O governo turco condenou o ataque “nos termos mais fortes” e pediu por investigações imediatas para apontar os responsáveis.

“Estou chocado e horrorizado com relatos de que os militares israelenses dispararam tiros nas proximidades de uma visita a Jenin hoje por um grupo de diplomatas, incluindo dois diplomatas irlandeses baseados em Ramallah. Felizmente, ninguém ficou ferido. Isso é completamente inaceitável e eu o condeno nos termos mais fortes”, disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Harris.

“Pedimos à comunidade internacional que assuma suas responsabilidades legais e morais e obrigue Israel a parar sua agressão a Gaza e sua escalada na Cisjordânia”, comunicou o Ministério das Relações Exteriores e Expatriados da Jordânia. 

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, falou que vai chamar o embaixador israelense para se explicar e chamou o incidente de “inaceitável”. O Ministério das Relações Exteriores da Espanha exigiu investigação imediata e transparente.

Fonte: Papiro