BRICS em Brasília | Foto: Isabela Castilho/BRICS Brasil

Sob a liderança brasileira, a CGU (Controladoria-Geral da União) realizou, em Brasília, terça-feira (6), as discussões do Grupo de Trabalho Anticorrupção do BRICS, um dos eixos centrais da agenda do grupo em 2025. Estas informações são da Agência Gov.

O encontro, na capital federal, reuniu representantes de alto escalão dos países-membros do Brics para alinhar estratégias de integridade pública, prevenção à corrupção, recuperação de ativos e governança climática — temas que ganharam relevância global nos últimos anos.

A secretária executiva da CGU, Eveline Brito, enfatizou que a presidência brasileira prioriza 3 pilares: multilateralismo inclusivo, com foco em reduzir assimetrias entre países desenvolvidos e em desenvolvimento; integração entre anticorrupção e justiça climática, tema urgente diante dos desafios ambientais; e fortalecimento de mecanismos de transparência, incluindo tecnologia e cooperação jurídica internacional.

“A corrupção não só desvia recursos públicos como amplia desigualdades e fragiliza a resposta a crises globais, como a mudança do clima”, afirmou Eveline. Ela citou o Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027, lançado em dezembro passado, que reúne 260 ações em áreas como licitações sustentáveis, controle de recursos ambientais e parcerias com o setor privado.

Um dos painéis tratou do “Clima, Integridade e Desenvolvimento Sustentável”, que discutiu como a corrupção amplifica os impactos da crise ambiental — desde o desvio de verbas para políticas de preservação até fraudes em mercados de carbono.

Eveline Brito destacou que o Brasil, como anfitrião da COP30, a ser realizada em Belém, em novembro, pretende incluir a integridade climática nas negociações globais. Segundo ela, não há justiça climática sem transparência.

“Populações vulneráveis, especialmente na Amazônia e em outras regiões pobres, são as mais afetadas quando recursos são desviados ou políticas não são implementadas. Combater a corrupção não é só sobre punir — é sobre garantir que políticas públicas cheguem a quem mais precisa”, explicou.

A Rússia, por sua vez, compartilhou experiências em monitoramento de crimes ambientais, como o tráfico de madeira ilegal e a mineração clandestina. A África do Sul apresentou casos de sucesso em recuperação de terras degradadas por meio de PPP (parcerias público-privadas) com mecanismos rígidos de auditoria.

Mayra Saito, coordenadora-geral de Enfrentamento à Desinformação da Secretaria de Políticas Digitais do governo brasileiro, alertou para novo desafio: a desinformação climática. “Fake news sobre políticas ambientais podem minar a confiança em instituições e atrasar ações urgentes”, disse.

Ela mencionou iniciativas brasileiras, como o Observatório de Informação Ambiental, que cruza dados oficiais com denúncias da sociedade civil.

No campo da recuperação de ativos, o secretário nacional de Justiça, Jean Keiji Uema, detalhou os avanços da PNRA (Política Nacional de Recuperação de Ativos), lançada em fevereiro de 2025. O mecanismo estabelece regras para identificação, bloqueio e repatriação de recursos desviados, inclusive em casos transnacionais.

“Só em 2024, o Brasil recuperou R$ 2,3 bilhões em ativos ligados à corrupção”, destacou Uema. “Agora, queremos ampliar a cooperação com o BRICS, especialmente em casos que envolvem paraísos fiscais e lavagem de dinheiro via criptomoedas”, acrescentou.

Fonte: Página 8