Estado pede desculpas por perseguição e concede anistia a Dyneas Aguiar

Em nome do Estado brasileiro, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) pediu desculpas pela perseguição sofrida pelo comunista Dyneas Aguiar durante a ditadura militar e o declarou anistiado político post mortem, conforme portaria publicada nesta quinta-feira (24) no Diário Oficial da União.
Nascido no bairro da Água Branca, São Paulo, em 30 de janeiro de 1932, Dyneas foi um dos mais destacados militantes e dirigentes comunistas, tendo dedicado 63 anos de sua vida ao partido. Filiou-se ao PCdoB por meio da então União da Juventude Comunista aos 18 anos, em 1950.
Tornou-se rapidamente um dos principais dirigentes estudantis secundaristas brasileiros, elegendo-se por duas vezes presidente da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (Unes).
Anos depois, Dynéas dirigiu as históricas greves dos candangos da construção civil na então recém-criada Brasília. Participou do processo de reorganização do PCdoB em 1962, passando a compor o seu Comitê Central, onde ficou até 1993.
Ainda atuando no Distrito Federal, envolveu-se no Levante dos Sargentos e, depois, no entrevero armado em Mato Seco, que lhe custaram a primeira detenção e dois processos na justiça.
Em meados dos anos 1960, ao lado de outros camaradas, ajudou a preparar uma área de apoio à futura guerrilha rural no interior de Goiás. Com o início da Guerrilha do Araguaia (1972), foi, juntamente com Diógenes Arruda, enviado ao exterior para organizar um movimento de solidariedade à luta do povo brasileiro e denunciar os crimes da ditadura militar. Viveu no Chile e na Argentina, onde ajudou a articular os partidos marxista-leninistas da América Latina.
Dyneas se tornou um elemento essencial na organização da 7ª Conferência Nacional do PCdoB, realizada na Albânia entre 1978 e 79, e um dos principais responsáveis pela reestruturação do Partido.
De volta ao Brasil um pouco antes da Anistia, tornou-se, na prática, o secretário nacional de Organização, o segundo cargo mais importante na hierarquia partidária. Sob sua direção, foi levada a cabo a campanha pela legalidade do PCdoB, conquistada em 1985 e consolidada em 1988.
Sem nunca perder sua veia revolucionária e sua dedicação comunista, em meados dos anos 1990 passou a exercer sua militância em Campos do Jordão, atuando, depois no Centro de Documentação e Memória do PCdoB. Dyneas faleceu aos 81 anos em 13 de junho de 2013.
Conforme apontou o historiador Augusto Buonicore na biografia “Vida Militante: Dynéas Aguiar, nos Subterrâneos da Liberdade”, Dyenas “cultivou a postura revolucionária até os últimos dias. Sua vida é um exemplo de abnegação e de valorização do militante do partido, título que ele considerava o mais importante. ‘Comunista é comunista onde estiver’, afirmava”.
(PL)