Trabalhadores gregos em greve tomaram as ruas por todo o país | Foto: Anadolu Agency

Trabalhadores gregos fazem greve geral, nesta sexta-feira (28), segundo aniversário do desastre ferroviário que matou 57 passageiros. Nesse mesmo dia em 2023, um trem de carga bateu de frente com outro que transportava passageiros no trajeto de Atenas a Salônica, perto da cidade de Tempe.

Diante da continuação da impunidade, a greve desta sexta-feira foi convocada pelas centrais sindicais Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE) e Confederação dos Sindicatos dos Servidores Públicos (ADEDY), que acusam o governo por se negar a apurar as causas do acidente e de deixar os passageiros sob risco de novos desastres.

O conjunto das manifestações foi um dos maiores da história na Grécia. A maior concentração, que reuniu centenas de milhares, foi diante do parlamento grego. Houve manifestações em 250 localidades na Grécia e atos diante das embaixadas gregas em diversos países.

A Trens da Grécia havia sido privatizada em 2017, sob o achaque ao país por parte da União Europeia, entregue à empresa italiana Ferrovie e, segundo as denúncias, sucateada. Um ferroviário foi responsabilizado pelo desastre, agravando a indignação.

Na primeira greve exigindo uma apuração efetiva, os manifestantes bradaram “Você conta lucros e perdas, nós contamos vidas humanas”, portando retratos das vítimas diante do parlamento.

Na época, manifesto das centrais reiteraram que “não permitiremos que haja encobrimento, transferência de atribuições e atrasos que levem ao esquecimento”.

“Quem é o culpado por toda essa situação? Quem criou a escassez de pessoal? Quem cria a escassez na eletrificação e na sinalização? Quem cria escassez dando margem ao superlucro das empresas, ou por outro lado existe um estado obsoleto, destrutivo, hostil ao povo e aos trabalhadores? Eles não respondem, porque eles os administraram, eles os fizeram, eles aprovaram as leis e seus aliados na União Europeia (UE)”, denunciou então o secretário-geral do Partido Comunista da Grécia (KKE), Dimitris Koutsoubas..

Em Atenas, a polícia reprimiu com violência a manifestação que contou com massiva participação dos trabalhadores do setor de transporte, ferroviários, marinheiros, controladores aéreos e motoristas de ônibus.

Faixas erguidas pelos manifestantes denunciam o primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotákis, por postergar o anúncio das investigações sobre a tragédia para evitar ter de prestar contas sobre as causas do acidente.

A repressão policial deixou dezenas de feridos, ente eles o jornalista Orestes Panagiotou e 84 manifestantes foram detidos, denunciou o World Socialist Web Site.

Kostas Tsoukalas, dirigente do Movimento pela Mudança – PASOK, denunciou a postergação dos resultados das investigações: “Podemos chegar à conclusão definitiva do governo está enganando quanto à falta de segurança nas ferrovias, ainda mais quando a transporte de material inflamável através dos trilhos”.

Já o porta-voz do governo grego, Pavlos Marinakis, negou que o governo encobre os responsáveis pela tragédia, mas reconheceu deficiências no sistema ferroviário, incluindo escassez de pessoal e falta de recursos, embora sem anunciar medidas para enfrentar as causas.

Fonte: Papiro