Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Assinatura do Contrato de Navios da Transpetro pelo Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras. Estaleiro Ecovix, Rio Grande - RS. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Lula participou nesta segunda-feira (24) de cerimônia no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para o anúncio de aquisição pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, de quatro navios da classe Handy com valor de US$ 69,5 milhões cada, perfilando US$ 278 milhões, cerca de R$ 1,6 bilhão. O contrato assinado pelo presidente é firmado junto ao consórcio formado pelos estaleiros Rio Grande e Mac Laren e deve gerar 3.600 novos empregos.

Os anúncios visam à redução de custos com transporte pela previsão de aumento da produção e de capacidade de refino nos próximos anos pela Petrobras.

Durante o discurso, o presidente Lula relembrou os anos em que a Petrobras ficou desacreditada e disse que o ato, junto a outros que já realizou e os que vai realizar, é simbólico pela retomada das atividades da empresa e da indústria naval, tornando o Brasil competitivo internacionalmente.

“Resolvi recuperar a Petrobras e recuperar a indústria naval. Vocês sabem que desde 2002 a gente tem brigado pela indústria naval. Esse país tem 8 mil quilômetros de costa marítima. Esse país jamais poderia ter prescindido de uma indústria de cabotagem, porque o ideal em um país como o Brasil é ter um sistema de transporte com trem, navio, caminhão. [Mas] um caminhão não precisa andar 2 mil quilômetros. Ele pode andar 300 quilômetros [até um porto ou um terminal ferroviário]. No Brasil, 95% do transporte de exportação vai de navio. O Brasil é o maior país da América do Sul. Por que a gente não tem a indústria naval poderosa? Por que a gente tem que comprar navio da Coreia? De Singapura, da China?” questionou Lula.

De acordo com o presidente, o seu governo dedicou os dois primeiros anos a reconstruir o país, devastado pelas gestões de Temer e Bolsonaro.

“Pegamos esse país semidestruído. E um exemplo dessa destruição foi a indústria naval. Um exemplo de destruição foi a cultura, os direitos humanos, o Ministério das Mulheres. Não tinha Ministério dos Povos Indígenas. Tinha acabado praticamente quase o Ministério do Trabalho. Ou seja, se acabou com quase tudo nesse país, porque as pessoas que estavam governando não tinham nenhuma preocupação com o país e nem com o povo brasileiro. A preocupação era contar 11 mentiras por dia”, criticou.

Conforme o presidente, historicamente os detratores do estado tentam acabar com a Petrobras, mas não conseguindo, resolveram fatiá-la, como a exemplo do que foi feito com o setor de distribuição de combustíveis.

“Vocês sabem o que aconteceu com a Petrobras? Vocês sabem como a Petrobras foi demonizada? Porque eles tinham o objetivo de desmanchar a Petrobras! Aliás, eles querem isso desde 1950. Desde quando ela foi criada trabalham contra a Petrobras. E já tentaram destrui-la muitas vezes. Mas perceberam que não podiam destruir a Petrobras, porque ela está na alma do povo brasileiro. Assim resolveram fatiar, resolveram vender pedaços da Petrobras. E começaram vendendo um grande pedaço, a BR Distribuidora”, afirmou.

“Se não fosse a Petrobras, o Brasil seria importador de petróleo. Venderam a BR Distribuidora, o que facilitou a vida do povo brasileiro? O que mudou? O que melhorou? Baixou o preço da gasolina? Uma empresa de qualidade, de orgulho nacional na distribuição de gasolina. Mas eles sempre estão vendendo a ideia de que é melhor se desfazer [do patrimônio nacional]. E muitas vezes nós acreditamos. Quando a gente acredita, eles vão empurrando a gente para o abismo”, completou o presidente.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

“Instrumentos para salvar a democracia”

 O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, comemorou os anúncios e disse que sempre ao encontrar com o presidente Lula ele dizia sobre a importância da retomada da indústria naval.

No contexto da recuperação industrial brasileira neste governo, o vice-presidente destacou que os números demonstram que a produção brasileira superou a mundial percentualmente no ano passado: “No ano passado a indústria de transformação cresceu 3,7% e a indústria de alta tecnologia cresceu 5,5%. No mundo, a indústria de alta tecnologia cresceu 2,7%. O Brasil cresceu o dobro da média mundial na indústria de alta tecnologia”, apontou

Em referência ao governo anterior e o plano para assassinar autoridades pelo chamado “Punhal Verde Amarelo”, dentre elas o próprio Alckmin e Lula, o vice-presidente disse: “Fomos instrumentos do povo para salvar a democracia brasileira e graças a Deus estamos vivos”.

Bacia de Pelotas

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, explicou que no quinquênio (2025-2029) 29 blocos operados pela Petrobras estão contratados na bacia de Pelotas, litoral do Rio Grande do Sul. Ela revelou que a Bacia é similar com uma encontrada no continente africano e que tem chamado a atenção pela grande produção.

“Nossos estudos indicam grandes similaridades entre a bacia de Pelotas e a bacia da Namíbia, na África. A bacia da Namíbia está produzindo e já está sendo chamada de Nova Guiana. E nós continuamos trabalhando aqui, achando que o potencial que se apresenta na bacia da Namíbia nós temos que vir procurá-lo aqui, no estado do Rio Grande do Sul, nessa bacia de Pelotas”, disse.

A presidente da estatal ainda destacou que as duas refinarias do Rio Grande do Sul, a Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR) e a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), receberão no quinquênio investimentos de R$ 8,5 bilhões gerando até 24 mil postos de trabalho.

Renovação e Ampliação da Frota

As contratações dessa segunda-feira reforçam a utilização de conteúdo local na ampliação da frota de navios próprios da Petrobras e reduz a dependência à indústria externa ao fortalecer o mercado fornecedor brasileiro.

Conforme informa a Transpetro, este é o primeiro contrato assinado no âmbito do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras.As quatro novas embarcações serão utilizadas para transporte de derivados de petróleo na costa brasileira.

Na segunda anterior (17), a maior empresa brasileira havia lançado licitação para a contratação de oito navios gaseiros – ações que deverão gerar 44 mil novos postos de trabalho e modernizar a logística do setor. No total, o programa de renovação da frota prevê 44 novas embarcações, entre navios gaseiros, plataformas e embarcações de apoio. Os investimentos chegam a R$23 bilhões.

Para o quinquênio 2025-2029, a Petrobras estima investimentos na ordem de 111 bilhões de dólares.

Ainda participaram da cerimônia o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; o ministro da Casa Civil, Rui Costa; de Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa; a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS); a prefeita de Rio Grande, Darlene Pereira; o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci; o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Indústria Naval Alexandre Lindenmeyer; o governador em exercício do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, e outras autoridades.

Foto: Ricardo Stuckert