Agroindústria ganha impulso com lançamento da Nova Indústria Brasil (NIB)
Brasília (DF), 03/12/2024 – Os ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam do lançamento e implementação da Missão 1 do programa Nova Indústria Brasil (NIB), no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A agroindústria brasileira recebeu um grande impulso nesta terça-feira (3), com o lançamento da primeira missão do programa Nova Indústria Brasil (NIB), no Palácio do Planalto. O evento, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, marcou o início de uma nova fase para o setor, com ênfase em sustentabilidade e inovação tecnológica.
A missão inaugural da NIB busca promover um crescimento sustentável e tecnológico da agroindústria, com metas ambiciosas. Entre os objetivos do programa, estão o aumento de 3% no PIB da agroindústria até 2026 e de 6% entre 2027 e 2033. O programa também visa elevar a mecanização agrícola de 28% para 35% e atingir 66% de tecnificação da agricultura familiar até 2033.
O NIB tem como foco o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras, como drones, biofertilizantes e máquinas agrícolas de última geração, além de fortalecer a competitividade do setor agropecuário nacional com o apoio da Embrapa e outras instituições de pesquisa.
Durante a cerimônia, Alckmin destacou a importância da fabricação de fertilizantes no Brasil, com a redução da dependência externa. “Estamos priorizando a produção de fertilizantes e biofertilizantes no Brasil, com avanços em nitrogenados, fosfatados e cloreto de potássio”, afirmou.
Com um investimento total de R$ 1,83 trilhão, o NIB envolve forte parceria entre o setor privado e instituições como o BNDES, FINEP e Embrapii. A primeira missão, voltada para o agro, contará com R$ 1,06 trilhão, incluindo R$ 22,5 bilhões para a proteção de proteínas animais, R$ 26,3 bilhões para bebidas não alcoólicas e R$ 120 bilhões para nutrição vegetal.
Além disso, o programa conta com linhas de crédito facilitadas, com juros reais quase nulos, o que ampliará o acesso a financiamentos para pequenos e médios produtores. Alckmin também citou a importância de acordos comerciais estratégicos, como a eliminação dos custos com certificados de origem para exportação de frango à União Europeia e Reino Unido, que geraram uma economia de R$ 40 bilhões anuais para o setor privado.
O programa reflete o compromisso do governo com a sustentabilidade, com destaque para a substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas, como o uso de biomassa na produção de celulose e papel. O ministro Geraldo Alckmin mencionou a encíclica Populorum Progressio do Papa Paulo VI, destacando que “o desenvolvimento é o novo nome da paz”, e enfatizou a importância da parceria entre governo e setor privado para fortalecer a agroindústria.
Expansão e parcerias no setor têxtil
O setor têxtil e de confecção também assume um papel estratégico no NIB. Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), celebrou a inclusão do setor na missão e destacou o impacto social e econômico da indústria, que gera cerca de 6 milhões de empregos diretos e indiretos no país. A parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) visa aumentar o consumo interno de algodão para 1 milhão de toneladas, impulsionando a integração entre o campo e a indústria.
Pimentel também anunciou projeções de investimentos de R$ 10 bilhões anuais nos próximos dez anos, com a criação de mais de 1 milhão de empregos formais. Ele enfatizou a importância de políticas públicas voltadas para a inovação e sustentabilidade, mas alertou para a necessidade de reduzir o custo Brasil e simplificar a carga tributária, especialmente para pequenas e médias empresas.
Fomento à agricultura familiar
A agricultura familiar brasileira também recebe um impulso significativo com o programa Mais Alimentos, que visa promover a mecanização e modernização do setor. Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, destacou o papel do programa na melhoria das condições de pequenos produtores. O governo estabeleceu metas para aumentar a mecanização da agricultura familiar de 18% para 28% até 2026, e alcançar 35% até 2033.
A indústria de máquinas agrícolas, representada por 420 empresas associadas à Abimaq, investe cerca de R$ 2,3 bilhões por ano, com R$ 500 milhões voltados especificamente para a agricultura familiar. Bastos também destacou a importância do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para o financiamento de máquinas e a modernização do setor.
Banco do Brasil: protagonista do financiamento agrícola
O Banco do Brasil, sob a presidência de Tarciana Medeiros, se consolidou como um dos principais financiadores do agronegócio, com uma carteira de crédito de R$ 387 bilhões em 2024. A instituição tem sido fundamental no apoio a programas como o Modernagro, Inovagro e Renovagro, voltados para a inovação e sustentabilidade no campo. Além disso, o banco já desembolsou R$ 111 bilhões no Plano Safra 2023/2024 e destinou R$ 67 bilhões para práticas agrícolas de baixo carbono.
O Banco do Brasil também tem sido crucial nas exportações agroindustriais, consolidando o Brasil como uma potência agrícola global.
Avanços para a agricultura familiar e agroecologia
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, anunciou avanços importantes para o setor, como o aumento da produção de alimentos e o foco em práticas agroecológicas. Com investimentos de R$ 10 bilhões em 2023 e um crescimento de 30% no financiamento de máquinas agrícolas, o Ministério tem incentivado a diversificação das práticas no campo, com ênfase na agroecologia e na produção orgânica.
Teixeira também destacou o Programa Nacional de Pesquisa e Inovação para Agricultura Familiar, que, em parceria com a Embrapa e a FINEP, reforça o compromisso do governo com a inovação e a sustentabilidade no setor.
O programa Nova Indústria Brasil marca um novo capítulo para o agronegócio brasileiro, com foco em sustentabilidade, inovação e geração de empregos. Com parcerias estratégicas e investimentos significativos, o Brasil se posiciona para se tornar uma referência global em segurança alimentar, inovação agrícola e práticas sustentáveis, promovendo o desenvolvimento econômico e social do país.
(por Cezar Xavier)