Lula visita obras da Ferrovia Transnordestina, em Iguatu (CE). Foto: Ricardo Stuckert/PR

Após amargar anos de desalento e insegurança na política e na economia, o Brasil vive, sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, uma sensível mudança. Esse novo cenário pode ser verificado tanto nas melhorias sociais e no âmbito do emprego e da renda, quanto na retomada da credibilidade internacional e no aumento dos investimentos públicos e privados. Este último, aliás, é um termômetro que mede a confiança do empresariado no país.

Um indicador recentemente divulgado mostra que esse novo clima vem se refletindo diretamente no campo da infraestrutura. Entre os anos de 2025 e 2029, os investimentos privados neste ramo deverão somar mais de R$ 372 bilhões, valor 63% maior do que a projeção feita em 2023 para os anos de 2024 a 2028. As informações são da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).  

O cálculo considera os investimentos já contratados ou em vias de serem contratados, nos setores de transporte, saneamento e infraestrutura social, o que inclui também concessões. 

O incremento na área já se refletia em 2023, com um avanço de 20% nos investimentos em infraestrutura na comparação com o ano anterior, último da catastrófica gestão de Jair Bolsonaro (PL). Para 2024, a entidade estima crescimento de 15%, chegando a R$ 259,3 bilhões. 

Pico de investimentos

Conforme noticiado pelo jornal Valor Econômico no início deste mêsna avaliação de Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib, “o ano de 2024 está ultrapassando o pico de investimentos registrado em 2014, considerando a nossa série histórica desde 2010. A diferença agora é o aumento da participação do setor privado, que está alcançando 75% do total”. 

O Estado entra como principal indutor desse processo, visando responder às demandas que ficaram represadas nos últimos anos, bem como impulsionar o desenvolvimento do país. Dentre os principais fatores que contribuem neste sentido estão programas robustos com altos investimentos públicos em obras estruturantes e de atendimento à população, dentre os quais destacam-se o Novo PAC, o Minha Casa, Minha Vida e o processo de neoindustrialização, encabeçado pelo plano Nova Indústria Nacional (NIB). 

Segundo cálculos feitos pela Inter B Consultoria Internacional de Negócios, entre os anos de 2018 e 2021, o setor público investiu, em média, cerca de R$ 46 bilhões por ano em infraestrutura, e o privado, R$ 94 bilhões. Entre 2016 e 2018, a média do setor público havia sido de R$ 57 bilhões, e o privado se manteve praticamente inalterado. 

Programas impulsionadores

Considerando somente o Novo PAC, conforme anunciado pelo governo, serão investidos R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026 e R$ 320,5 bilhões após esse período. Os investimentos previstos no programa com recursos do Orçamento Geral da União somam R$ 371 bilhões; o das empresas estatais, R$ 343 bilhões; financiamentos, R$ 362 bilhões; e setor privado, R$ 612 bilhões.

Em outubro, o governo comunicou ainda que, até 2033, serão investidos R$ 1,6 trilhão, sendo R$ 1,06 trilhão do setor privado e o restante em linhas de crédito e subvenções do poder público, entre os quais valores destinados a obras dos programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida que alavancam as atividades industriais. Os projetos estão ligados à Missão 3 da Nova Indústria Brasil (NIB).

Em meio ao debate sobre contenção de gastos, no caso do Novo PAC, por exemplo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, garantiu, nesta quarta-fera (27), que nenhuma intervenção precisou reduzir o ritmo de execução por falta de recursos. “Mesmo tendo que fazer ajustes em função do compromisso do presidente Lula com o arcabouço fiscal — e nós fizemos contingenciamento nos recursos do PAC este ano —, isso não comprometeu a execução de nenhuma obra”. 

Isso porque, acrescentou, “o Novo PAC tem, na lei, a possibilidade de remanejar para uma obra que está indo mais rapidamente, recursos de obra que está indo mais lenta. Com isso, nenhuma obra nos últimos dois anos deixou de ter o ritmo que a competência da empresa ou do gestor estava conseguindo dar por falta de recurso”.