IPCA desacelera em novembro e fica em 0,39%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em novembro deste ano, ao variar em alta de 0,39% no mês, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (10). Em outubro deste ano, a inflação oficial do país foi de 0,56%.
O resultado de novembro foi influenciado pelas altas no grupo Alimentação e bebidas (1,55%), após aumento nos preços das carnes (8,02%), no grupo Transportes (0,89%), impulsionado pelo aumento da passagem aérea (22,65%), e no grupo Despesas pessoais (1,43%), influenciado pelo aumento do cigarro (14,91%), destaca o IBGE.
No acumulado de 2024, até novembro, o IPCA está em 4,29% em alta. Nos últimos 12 meses, a inflação ficou em 4,87%. Em novembro de 2023, o indicador havia ficado em alta de 0,28%.
Com os resultados, a inflação no Brasil chega ao 11º mês de 2024 comportada, apesar de pressionada por fatores de sazonalidade, como secas, que afetaram diversas regiões do país trazendo prejuízos à produção de alimentos e escassez hídrica.
Em novembro, entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, a maior variação (1,55%) e o maior impacto (0,33 ponto percentual – p.p.) no índice geral no mês veio dos preços da alimentação e bebida.
O preço médio da alimentação no domicílio passou de 1,22% em outubro para 1,1% em novembro, com o aumento nos preços das carnes (8,02%). Destaque para os aumentos nos seguintes cortes: Alcatra, alta de 9,31%; Chão de Dentro, alta de 8,57%, Contrafilé, alta de 7,83%; e Costela, alta de 7,83%.
Apesar do clima desfavorável, o agronegócio vem marcando recordes de exportações de carne bovina em 2024, aproveitando-se da valorização do dólar sobre o real.
“A alta dos alimentícios foi influenciada, principalmente, pelas carnes, que subiram mais de 8% em novembro. A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto”, ressaltou o gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida.
O setor já desembarcou para fora do país cerca de 2, 29 milhões de toneladas de carne bovina nos primeiros 10 meses deste ano, igualando a mesma marca de todo o ano de 2023, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), com base em números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O IBGE também apontou que no mês passado houve aumento nos preços do café moído, com alta de 2,33%. Neste ano, com a valorização internacional da commodity, os desembarques de café para fora do país também batem recorde.
Em novembro deste ano, foram 4,6 milhões de sacas de café enviadas ao exterior que, além de um recorde da série, apresenta um aumento de 6% em volume, enquanto o faturamento soltou em 63% na comparação anual, segundo dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Outra elevação de preços importantes no mês de novembro veio do grupo transportes, com alta de 0,89% e impacto de 0,18 p.p no índice geral, por consequência da disparada – típica do final de ano – nos preços da passagem aérea, que subiram 22,65% e contribuiu com 0,13 p.p no IPCA.
As demais variações por grupo do IPCA ficaram entre o recuo de -1,53% na habitação e o aumento de 1,43% nas despesas pessoais – resultado puxado pelo aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre o cigarro, mas também pelas altas de pacotes turísticos (4,12%) e hospedagem (2,20%).
Contra choques de oferta de alimentos e energia, por exemplo, uma política monetária mais contracionista nada pode fazer, conforme explicam diversos economistas. Mas isso pouco importa aos bancos, que no dia de hoje, assim como tem feito por todo este ano, seguem pressionando pelo aumento da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC), hoje em 11,25%, seja com o pretexto de combate à inflação, alegando descontrole nas contas públicas em prol de cortes de investimentos sociais, ou qualquer outra narrativa que mantenha intocável e que siga elevando os ganhos que o setor tem com a especulação de títulos públicos.
Nos últimos 12 meses, até outubro deste ano, o gasto do setor público com o pagamento dos juros da dívida pública chegou a R$ 869,3 bilhões – soma que deve crescer ainda mais no próximo ano com novos aumentos na taxa Selic.
Nesta terça-feira e na quarta-feira (12), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decide o rumo da taxa Selic, com o mercado pressionando para mais um aumento de no mínimo 0,75 p.p, o que levaria o nível da taxa para os estratosféricos 12% ao ano.
Fonte: Página 8