Foto: Reprodução

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, apontou na abertura da Assembleia Geral da Classe Trabalhadora a correção da tabela do Imposto de Renda com isenção para rendas de até R$ 5 mil, a redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial e a necessidade de enfrentar os juros elevados como pontos centrais para a luta dos trabalhadores no próximo período.

Adilson iniciou seu discurso contextualizando os retrocessos enfrentados pelo movimento sindical. Segundo ele, “o debate fiscal reacende a chama da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores brasileiros”, disse.

O sindicalista destaca que as reformas como a trabalhista, previdenciária e a terceirização irrestrita desfiguraram conquistas históricas.

“O arcabouço sindical foi profundamente desfigurado. Hoje, enfrentamos um pleno emprego precário, marcado pela informalidade e pela ausência de proteção social”, disse. Ele destacou no último período que a priorização de políticas econômicas liberais aumentou a precarização do trabalho e as desigualdades sociais.

Adilson destacou os avanços conquistados no início do governo Lula e o indício de uma recuperação econômica com um suposto pleno emprego. Mas alertou que este “pleno emprego é substancialmente tido de forma precária”, devido às condições de trabalho da classe operária e da crescente uberização dos trabalhadores.

CORREÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA

Uma das pautas centrais do discurso foi a defasagem da tabela do Imposto de Renda, que acumula 167% desde a última atualização significativa, em 2015. Embora tenha reconhecido avanços do governo Lula no tema, ele apontou que a atual faixa de isenção de R$ 2.259 ainda está aquém da promessa de campanha.

“A não correção penaliza os trabalhadores de baixa renda e sobrecarrega a classe média com uma carga tributária desproporcional. Esse debate precisa ser centralizado no governo”, afirmou.

Para Araújo, a correção da tabela para isentar rendimentos de até R$ 5 mil é uma demanda histórica que precisa ser atendida.

POLÍTICA FISCAL E BANCO CENTRAL

O presidente da CTB também criticou o arcabouço fiscal do governo, liderado pelo ministro Fernando Haddad, e a autonomia do Banco Central, que ele vê como entraves ao crescimento econômico.

“O Brasil pratica juros mais altos do que países em guerra, sufocando o crédito e os investimentos. Enquanto isso, medidas de disciplina fiscal atingem diretamente os mais vulneráveis”, criticou.

Ele destacou que as políticas atuais impedem um crescimento econômico sustentável e a geração de empregos de qualidade.

VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO

O dirigente sindical destacou a necessidade de reforçar a política de valorização do salário mínimo, para recuperar o poder de compra e fortalecer o mercado interno.

Adilson criticou a projeção dada pelo pacote fiscal de Haddad de congelar o reajuste do salário mínimo em 2,5%.  “A gente já entra em 2025 perdendo e vai prorrogar ainda mais o sonho de termo o salário mínimo conforme o apontado pelo Dieese”.

A construção de uma campanha salarial nacional unificada foi apontada como prioridade para os próximos meses. Araújo defendeu ações de base e a retomada de mobilizações de rua para sensibilizar a sociedade sobre as pautas trabalhistas. “Precisamos construir um movimento que ganhe o chão das fábricas e dialogue diretamente com os trabalhadores. A unidade é essencial para enfrentarmos a precarização e garantirmos direitos”, afirmou.

Adilson sugeriu uma agenda de mobilização ainda em dezembro, com assembleias, paralisações e produção de materiais informativos para engajar os trabalhadores.

“O ano de 2025 será decisivo para a batalha que enfrentaremos em 2026. É hora de sacudir a poeira e recuperar o tempo perdido”, concluiu.

O evento, realizado de forma virtual, inaugura uma série de encontros planejados para fortalecer a mobilização dos trabalhadores, serviu como espaço para críticas ao desmonte de direitos trabalhistas e para a proposição de estratégias de articulação sindical.

O encontro reuniu lideranças sindicais, economistas e trabalhadores de diversos setores, destacando a urgência de mudanças estruturais no mercado de trabalho brasileiro e contou com a presença da coordenadora técnica do Dieese, Adriana Marcolino, e do professor e economista Luiz Gonzaga Belluzo.

Fonte: Página 8