Brasil perde o cientista Rogério Cerqueira Leite
Faleceu na madrugada deste domingo (1º), em Campinas (SP), aos 93 anos, o engenheiro e físico Rogério Cerqueira Leite, um dos cientistas mais importantes do país. Ele era professor emérito da Unicamp e Presidente de Honra do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Em nota, o presidente Lula lamentou a morte do cientista. “Rogério Cerqueira Leite foi um dos nossos maiores cientistas e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da pesquisa e avanços da ciência no Brasil. Engenheiro e físico, contribuiu ensinando, pesquisando e criando departamentos e centros de pesquisa em diversas universidades brasileiras, em especial na Unicamp”, disse o presidente.
“Foi fundamental para a criação do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, o CNPEM. Teve forte atuação também na formatação e defesa das políticas para ciência e na defesa da democracia, de um estado forte e a favor da justiça social em nosso país”, completou Lula.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) também manifestou “grande pesar” pelo “falecimento do Professor Rogério Cezar Cerqueira Leite, um dos mais importantes cientistas do Brasil. Sua contribuição para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no país é imensurável, e seu legado continuará a inspirar gerações de pesquisadores”, afirma o ministério em nota.
Rogério Cezar se graduou em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1958, formou-se Doutor em Física pela Universidade de Paris (Sorbonne) em 1962. Foi pioneiro em diversas áreas do conhecimento, sendo o primeiro no Brasil a utilizar o laser para estudar as propriedades dos materiais. Lecionou em importantes instituições como o ITA e a Unicamp, onde também fundou o Departamento de Física do Estado Sólido e o Instituto de Artes.
De acordo com informações da EPTV, o cientista morreu no Hospital Centro Médico, onde estava internado desde o dia 18 de novembro quando teve uma parada cardíaca.
Além de seu trabalho acadêmico, teve uma forte atuação em diversas entidades científicas, sendo membro de importantes conselhos, como o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Como Presidente de Honra e do Conselho de Administração do CNPEM, contribuiu para o avanço de centros de pesquisa de excelência no Brasil.
Também em nota CNPEM lamentou a morte de Rogério e destacou que o cientista é uma das personalidades centrais para a consolidação e avanço da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. “Teve papel decisivo para viabilizar o projeto e a construção da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul, que veio a se tornar o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e o início da criação do CNPEM”, diz a nota.
“Ao defender e influenciar o projeto e a construção da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul, o Prof. Cerqueira Leite já vislumbrava mais do que o estabelecimento de um grande equipamento de pesquisa no País. […] seus direcionamentos miraram o fortalecimento da capacitação científica no Brasil, a qualificação de pessoas, a busca por soluções criativas, economicamente viáveis, inovadoras e eficazes, em parceria com a indústria e núcleos de pesquisa nacionais”, ressalta o documento.
O CNPEM afirma que o prof. Cerqueira Leite defendia que o Brasil tem condições de projetar e construir equipamentos científicos competitivos em território nacional, “apesar do ceticismo de parte da comunidade acadêmica e das crises econômicas e políticas”. “Sirius – o novo acelerador de elétrons brasileiro e maior projeto da ciência nacional – de diferentes formas, materializa suas convicções”, diz.
Além da física e engenharia de aceleradores, Rogério endossou a criação de outros Laboratórios Nacionais no CNPEM, apoiando avanços nas áreas de biociências, nanotecnologia e biorrenováveis, bem como idealizou a Escola de Ciência do CNPEM, um curso de bacharel em Ciência e Tecnologia, que adota um modelo educacional inovador e interdisciplinar.
Fonte: Página 8