Imagem: Rede de Observatórios da Segurança

Nesta quinta-feira (7), a Rede de Observatórios da Segurança publicou a quinta edição do boletim “Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão”. No relatório são revelados dados alarmantes que mostram que a tragédia brasileira persiste no que diz respeito ao assassinato de pessoas negras pela polícia.

Nos nove estados monitorados pelo estudo (Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo) sete pessoas negras foram mortas por dia pela polícia em 2023. Os dados foram obtidos via Secretarias de Segurança Pública e órgãos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

A ação das forças fez 4.025 vítimas nestes estados. Desse número, em 3.169 casos foram disponibilizados os dados de raça e cor, de acordo com o estudo. Assim, é possível observar que 2.782 (87,8%) dos mortos eram pessoas negras.

A pesquisa aponta ainda que os atingidos são em maioria jovens adultos entre 18 e 29 anos. No Ceará está faixa etária concentra quase 70% das vítimas.

As mortes na juventude negra ainda atingem de forma perversa os adolescentes de 12 a 17 anos, sendo que 243 foram mortos nos estados monitorados.

Conforme aponta a Rede de Observatórios, desde o primeiro boletim, de 2020, é possível observar o mesmo padrão de mortes por agentes estaduais de segurança: as vítimas são parte da população jovem e negra.

Segundo a coordenadora da rede, Silvia Ramos, “não é aceitável nem justificável a morte de uma pessoa negra a cada quatro horas pelas mãos de agentes de uma instituição que deveria zelar pela vida”, coloca.

“Nosso objetivo ao ressaltar esses dados é denunciar a urgência de um debate público acerca do racismo na segurança e incentivar o desenvolvimento de políticas públicas que mudem o rumo desta realidade”, completa.

Nos dados por estados é possível notar resultados positivos e negativos. No Amazonas houve redução 40,4% em relação ao ano de 2022. Também apresentaram redução o Maranhão (32,6%), Piauí (30,8%) e Rio de Janeiro (34,5%).

Quedas também foram registradas no Ceará (3,3%) e Pará (16%), no entanto, considerando somente a população negra, o número de vítimas aumentou, o que indica, coloca a rede, a comprovação de um “perfil do alvo de ações violentas da polícia”.

Por outro lado, a letalidade na Bahia é vista em “crescente exponencial” com o maior índice desde 2019, sendo que o estado concentra quase a metade dos casos (47,5%) nos nove monitorados. É o único estado a ultrapassar a marca de 1 mil casos em 2023: foram 1.702 vítimas. Esta tragédia tem por trás forte cunho racial, pois 94,6% dos mortos eram pessoas negras.

Já Pernambuco foi o que registrou maior aumento em relação a 2022, com 28,6% mais casos. O estado de São Paulo também teve piora nos dados e reverteu um histórico de reduções de mortes: “aumento de 21,7% no número de mortes causadas pela polícia”, refletido pela militarização da Secretaria de Segurança Pública paulista com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Confira o estudo completo e todos os resultados nos estados aqui.