Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI

A produção industrial brasileira cresceu 1,1% em setembro deste ano, em comparação com agosto, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (1º). O resultado veio após alta de 0,2% em agosto e queda de -1,3% em julho.

Em setembro, houve um aumento de 1,7% na produção da indústria de transformação, que corresponde a mais de 80% da indústria geral. Dentro deste ramo, a fabricação de máquinas e equipamentos caiu -1,2% no mês, após ter recuado -5,2% no mês de agosto.

Frente aos resultados, a indústria brasileira está 14,1% abaixo do patamar de maio de 2011, o maior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2004.

Conforme o IBGE, na série sem ajuste sazonal, a produção industrial cresceu 3,4% frente a setembro de 2023. No ano, a produção acumula alta de 3,1%. Nos últimos 12 meses, avançou 2,6%.

A expansão da indústria em 2024 se dá sobre uma base baixa de comparação, alerta o gerente do IBGE, André Macedo. Ao comentar o resultado da pesquisa, Macedo afirmou que em 2024 “a indústria está mais dinâmica”, mas que o momento positivo “precisa de ressalvas”.

“O patamar de produção da indústria em 2024 é claramente superior ao do ano passado. No entanto, é preciso lembrar que 2023 terminou com uma variação positiva de 0,1%, ou seja, o crescimento deste ano ocorre sobre uma base ainda baixa”, observa André.

“As categorias econômicas que mostram os avanços mais acentuados em 2024 são bens de capital e bens duráveis, as que mais influenciam nesse resultado. Mas ambas também são as que têm base de comparação mais depreciada. Os bens de capital tiveram queda de 11,7% em 2023 e os bens duráveis, de 3,3%. São crescimentos importantes em 2024, mas que ocorrem em cima dessa base”, disse.

A pesquisa aponta, ainda, que no terceiro trimestre a indústria brasileira ficou estagnada. “Na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria mostrou variação nula (0,0%) no trimestre encerrado em setembro de 2024 frente ao nível do mês anterior e interrompeu três meses consecutivos de crescimento na produção, período em que acumulou expansão de 2,4%”, diz trecho do release da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIM-PF Brasil), setembro.

Nesta primeira parte do segundo semestre de 2024, as atividades industriais mais sensíveis às condições de crédito no país, que já começaram a expressar perda de dinamismo, por influência da alta carga de juros, que vem sendo alimentada pelo nível escorchante da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC).

Conforme um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria, divulgado na última terça-feira (29), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu em 18 dos 29 setores da indústria, em outubro. Esse é o primeiro levantamento realizado depois de o BC elevar a taxa Selic em 0,5 ponto, subindo a taxa dos 10,5% para 10,75% ao ano.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, alerta que o encarecimento do financiamento é devastador à indústria.

“Atualmente, a Selic está em 10,75%. Já os custos para a indústria podem chegar a taxas entre 25% e 30% ao ano. O impacto ao longo das cadeias produtivas, e nunca é demais lembrar que a cadeia da indústria é longa, é devastador”, afirmou Alban, em um artigo recente. “O custo financeiro embutido no produto final pode representar até 25% do preço ao consumidor – uma situação insustentável para a competitividade do setor industrial brasileiro”.

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ocorre na semana que vem (5 e 6 de novembro), com o mercado exigindo que o colegiado cumpra com a promessa feita em setembro de elevar ainda mais os juros no Brasil. O rentismo espera dois aumentos de 0,50 ponto percentual na Selic, entre novembro e dezembro deste ano, o que subiria a taxa para 11,75% ao fim deste ano.

No nono mês de 2024, três das quatro grandes categorias econômicas industriais marcaram saldos positivos: bens de capital (+4,2%), resultado que vem após a queda de -4,6% em agosto; bens intermediários (1,2%); bens de consumo semi e não duráveis (0,6%). Com saldo negativo, bens de consumo duráveis, com recuo de -2,7%, repetindo o mesmo desempenho de perda do mês anterior (-2,7%).

Dos 25 ramos industriais pesquisados, 12 mostraram quedas na produção em setembro. A indústria extrativa (-1,3%) e produtos químicos (-2,7%) exerceram os principais impactos na média da indústria. Outros impactos negativos relevantes partiram de outros equipamentos de transporte (-7,8%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,7%).

Já do lado das influências positivas mais importantes, estão: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,3%), produtos alimentícios (2,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,5%), produtos do fumo (36,5%), metalurgia (2,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,3%).

Fonte: Página 8