Santander | Foto: Reprodução

Com a continuidade dos juros estratosféricos no Brasil, o banco espanhol Santander superou as estimativas de lucro no terceiro trimestre deste ano, ao confirmar um lucro líquido de R$ 3,664 bilhões, um salto de 34,3% ante aos ganhos registrados no mesmo período do ano passado (R$ 2,73 bilhões). Frente ao segundo trimestre deste ano, o lucro aumentou 10,0%.

O aumento do lucro do terceiro maior banco privado do país veio na esteira da expansão das receitas do Santander, tanto com crédito e tesouraria quanto com a prestação de serviços. “A margem financeira foi beneficiada tanto pela melhora em margem de clientes, com melhores spreads, como pelo maior resultado de margem com mercado”, afirma o presidente do banco no Brasil, Mario Leão.

Na passagem entre julho e setembro, o lucro societário do Santander foi de 3,548 bilhões, sendo uma alta de 34,2% em um ano e de 9,2% no trimestre.

Em ativos, o banco espanhol contabilizou uma margem financeira bruta de R$ 15,227 bilhões no trimestre passado, o que corresponde a uma alta de 3,2% ante ao segundo trimestre e um aumento de 15,8% em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Conforme o banco, ainda, a margem com clientes – ou seja, aquilo que o banco ganha com empréstimos para famílias e empresas – foi de R$ 14,902 bilhões, alta de 2,8% na comparação trimestral e um avanço de 8% no ano. Dentro desta mesma linha, a margem com produtos foi de R$ 13,104 bilhões, alta de 2,7% no trimestre e 8,8% em um ano.

O “spread” cobrado pelo banco foi de 9,89% ao ano, de 9,81% no segundo trimestre e 9,69% no terceiro trimestre do ano anterior. O ‘spread’ consiste na diferença entre o custo do banco para captar dinheiro e aquele que impõem aos seus clientes, para emprestá-lo.  Ou seja, é o mecanismo que os banqueiros buscam obter ganhos com as operações de crédito.

Desta forma, o Santander no Brasil segue entre os maiores geradores de resultados do grupo Santander em todo o mundo no terceiro trimestre deste ano. A sucursal brasileira obteve o segundo maior lucro entre as operações do conglomerado espanhol, de 630 milhões de euros, atrás apenas do Santander Espanha, que registrou resultado de 1,081 bilhão de euros no mesmo período.

Desejando elevar ainda mais seus ganhos no Brasil, o banco espanhol, assim como as demais instituições financeiras no país, vem pressionando fortemente pelo aumento da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC). 

O Santander espera que o BC realize mais dois aumentos de 0,50 ponto percentual (p.p.) na Selic em novembro e dezembro deste ano, o que subiria a taxa dos atuais 10,75% para 11,75% ao fim deste ano. Entre janeiro e março de 2025, o banco projeta uma Selic de 12,75%, segundo informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico no início de outubro.

Ante a sede dos bancos pela elevação dos juros e por mais cortes orçamentários que gerem economia para garantir o pagamento de juros da dívida pública (que já ultrapassa os R$ 850 bilhões no ano), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao se reunir com os banqueiros neste mês de outubro fez promessas de que irá seguir com sua agenda de “esforço fiscal”, de cortes de recursos sociais, como os benefícios que atendem doentes miseráveis (BPC), por exemplo, e acabar com os pisos constitucionais de investimento mínimos em saúde e educação, além de mais arrocho sobre os salários.

Enquanto isso, a economia brasileira novamente dá sinais de desaceleração, ante a queda dos indicadores econômicos, a partir do segundo semestre deste ano. Conforme o IBGE, a produção industrial ficou estagnada em agosto (+0,1%), após ter registrado um recuo de -1,4% em julho. Já o volume de serviços caiu -0,4% em agosto, depois de variar em alta de apenas 0,2% em julho. Por sua vez, as vendas do comércio recuaram -0,3% frente a julho, mês que cresceu 0,6%.

Fonte: Página 8