Direção do IBGE aciona Justiça contra greve de servidores
A direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acionou a Justiça para tornar ilegal a greve de 24 horas dos servidores, marcada para a próxima quinta-feira (31).
A paralisação ocorrerá na unidade do IBGE no Rio de Janeiro, que é a maior do país, com cerca de 700 trabalhadores responsáveis pelo funcionamento das principais diretorias do órgão, como a Diretoria de Pesquisas, Diretorias de Geociências e Diretoria de Informática, encarregadas da análise e divulgação dos principais indicadores macroeconômicos do País.
A paralisação, aprovada pelos servidores lotados no Complexo Chile, do IBGE, no Centro do Rio, é o segundo protesto contra medidas tomadas pela direção do órgão, entre elas, a criação da fundação IBGE+, alteração no estatuto do instituto, mudança de locais de trabalho de servidores e extinção do trabalho totalmente remoto. Segundo o sindicato nacional de servidores do instituto, o Assibge-SN, os servidores cobram “esclarecimento” e “diálogo” sobre as mudanças.
Sobre a fundação IBGE+, o sindicato afirma que a fundação “foi criada 2 meses depois de ter sido registrada em cartório, de forma totalmente sigilosa, sem conversar com ninguém”. Segundo Bruno Perez, diretor do sindicato, a fundação IBGE+, que pode vender pesquisas para o setor privado, “traz muitos riscos”.
“O IBGE tem uma reputação, um nome construído em quase 90 anos de história. É um processo de privatização, porque a fundação pode vender pesquisas para o setor privado. [Vai] Contratar funcionários por CLT, diferentemente do que ocorre hoje com os funcionários estatutários. A estabilidade é necessária para produção de dados confiáveis. Produzimos dados que podem incomodar os governos, como taxas de desemprego e inflação. É necessária a estabilidade para não sofrer pressão política. Essa fundação coloca em risco a produção de estatísticas que guiam a aplicação de políticas públicas no Brasil”, alerta o sindicalista.
Na Justiça, o órgão alega que a greve tem caráter “abusivo” e “ilícito” ao colocar em risco a divulgação de dados e pesquisas agendados, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), sobre o mercado de trabalho.
Fonte: Página 8