A expectativa é que na próxima reunião o BCE corte mais 0,25 p.p. e feche o ano com juro de 3% | Foto: Divulgação

O crescimento previsto para União Europeia no terceiro trimestre é de 0,2%, enquanto o BCE espera que o total anual seja de 0,8%, abaixo da anêmica previsão de 0,9% de junho. As estimativas para 2025 foram revistas para baixo, de 1,4% para 1,3%

O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros pela terceira vez este ano nesta quinta-feira (17), em 0,25 pontos percentuais, para 3,25%, em um esforço para tirar a Zona do Euro da estagnação em que se encontra desde 2023 e que aflige especialmente sua locomotiva, a Alemanha, enquanto a inflação está em 1,7%, abaixo da meta de 2% do BCE.

O crescimento previsto para o terceiro trimestre é de 0,2%, enquanto o BCE espera que o total anual seja de 0,8%, abaixo da anêmica previsão de 0,9% de junho. As estimativas para 2025 foram revistas em baixa, de 1,4% para 1,3%.

De acordo com o Euronews, as altas taxas de juros minaram o investimento e o crescimento econômico e os dados mais recentes, “inclusive sobre a produção industrial e os empréstimos bancários, apontam para mais do mesmo nos próximos meses”.

“Tal deveu-se a um crescimento do consumo privado e do investimento inferior ao esperado, bem como a existências mais fracas, apesar de um contributo mais forte do que o esperado do comércio líquido”, afirmou o BCE. O PMI, que se baseia nas respostas aos inquéritos dos gerentes nos setores da indústria transformadora e dos serviços, desceu abaixo do limiar dos 50 pontos, o que revela uma contração da atividade do setor privado.

Em relação à Alemanha, prevê-se que a sua economia diminua 0,2% em 2024, após uma contração de 0,3% em 2023. Ou seja, a recessão na Alemanha já perdura por dois anos, desde que se autoexcluiu do gás russo barato, e o país inclusive discute a ameaça de desindustrialização.

Para o Euronews, o primeiro corte consecutivo nos juros em 13 anos marca uma mudança no foco do banco central da zona do euro, que deixou de ser a redução da inflação para passar a proteger o crescimento econômico, que ficou muito aquém do dos Estados Unidos por dois anos consecutivos. Isso para não falar do crescimento da China ou da Índia.

As informações recebidas “mostram que o processo desinflacionário está bem encaminhado”, disse o BCE sobre o curso da inflação. “As perspectivas de inflação também são afetadas pelas recentes surpresas negativas nos indicadores de atividade econômica.”

A decisão de baixar os custos dos empréstimos surge numa altura em que a inflação na zona euro desceu para 1,7% em setembro, valor revisto, contra 2,2% em agosto. Foi a primeira vez, em três anos, que o valor ficou abaixo da meta de 2% do BCE.

Este declínio foi impulsionado principalmente pela queda dos preços da energia, embora a inflação subjacente – excluindo os preços voláteis da energia e dos alimentos – tenha permanecido estável nos 2,7%. A inflação dos serviços situa-se em 3,9% em termos anuais.

“O Conselho do BCE decidiu hoje baixar as três taxas de juro diretoras em 25 pontos base. Em particular, a decisão de baixar a taxa da facilidade permanente de depósito – a taxa através da qual o Conselho do BCE orienta a política monetária – baseia-se na avaliação atualizada das perspectivas para a inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, afirmou o BCE em comunicado

O corte de 25 pontos-base reduz a taxa que o BCE paga sobre os depósitos dos bancos para 3,25%. Analistas de mercado esperam pelo menos outras três reduções do juro até março de 2025. Há expectativas de que, na reunião de dezembro, o BCE reduza a taxa básica para 3,0%.

Fonte: Papiro