Israel bombardeia missão de paz da ONU no Líbano e tem execração mundial
Israel sofreu uma contundente condenação da comunidade internacional por ter atacado na quarta-feira (9) três bases da missão de paz da ONU locada na fronteira líbano-israelense e denominada Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil).
A agressão feriu dois indonésios integrantes da força da ONU (capacetes azuis) que tiveram de ser hospitalizados.
Em uma “grave violação do direito humanitário internacional”, afirmou a Unifil, um tanque Merkava das tropas de extermínio de Netanyahu disparou “deliberadamente” contra a torre de observação do quartel-general da missão em Naqoura, também “danificando a iluminação, veículos e uma estação de transmissão”. Além disso, um drone dos israelense foi visto sobrevoando o local.
Canadá, Espanha, França, Irlanda, Itália, Turquia, Rússia e União Europeia (UE) foram os primeiros a se pronunciarem em defesa do respeito à Carta da ONU e contra os desmandos israelenses, qualificados amplamente como “crimes de guerra”.
As bases ficam a poucos quilômetros de distância uma da outra, ao longo da linha de demarcação entre Israel e Líbano, país onde mais de duas mil pessoas já foram mortas e 10 mil ficaram feridas na mais recente invasão pelo governo de Tel Aviv, no começo de outubro. Desde o ano passado, o escritório de direitos humanos da ONU informou que já são foram mais de 100 médicos e trabalhadores de emergência executados na invasão.
Frente à gravidade e à covardia da ação, o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, convocou uma reunião de emergência com o embaixador de Israel em Roma, a fim de que detenha a insanidade. Dos cerca de 10 mil militares das forças de paz na região, aproximadamente mil são italianos.
A ONU descreveu o incidente como um desenvolvimento “muito sério” e alertou que Israel vem tentando fazer com que as suas forças de paz se movam de “certas posições”, o que lhe possibilitaria operar impunemente, sem qualquer controle. “Se a situação se tornar impossível para a missão operar no sul do Líbano… caberá ao Conselho de Segurança decidir como seguir em frente”, frisou a Unifil.
A ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, reiterou que qualquer ataque a pessoal e propriedade da ONU, como vem sendo feito por Israel, representa uma “grande violação” do direito dos povos a existir.
O primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, qualificou a agressão sionista de “realmente perigosa e desprezível contra as forças de paz”. Harris disse que estava protestando “nos mais altos níveis” e propôs que as Nações Unidas e todos os países que compõem a Missão de Paz deveriam “falar a uma só voz” sobre as violações cometidas pelas tropas de Netanyahu. O líder irlandês disse estar preocupado que “Israel não ouça”, o que torna necessária uma cobrança mais efetiva. “Não podemos ter uma situação em que uma agressão possa forçar uma missão de paz a sair”, apontou.
“Os ataques de Israel às forças da ONU, após seus massacres contra civis em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano, são uma manifestação de sua percepção de que seus crimes ficam impunes”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia em comunicado. Para o governo turco, “a comunidade internacional é obrigada a garantir que Israel cumpra o direito internacional”.
O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, reforçou a cobrança em defesa dos capacetes azuis, qualificando o ataque às forças de paz da ONU como um “ato inadmissível, para o qual não há justificativa”. Borrel recordou que Israel tem a obrigação de respeitar tanto o direito humanitário internacional quanto a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que dá à Unifil um mandato para ajudar o exército libanês a manter sua área de fronteira com Israel livre de armas e pessoal armado. “É necessária total responsabilização”, enfatizou.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifestou repulsa às ações israelenses e exigiu que Israel se abstenha de qualquer medida hostil contra as forças de paz da Unifil como vem executando.
“Condenamos nos termos mais enérgicos os ataques sistemáticos e deliberados levados a cabo pelo exército israelense contra as forças de manutenção da paz”, sublinhou o governo libanês, que solicitou ao Conselho de Segurança da ONU e à comunidade internacional uma postura dura e firme para dar um basta aos crimes e à impunidade.
Fonte: Papiro