Soldados israelenses se recusam a participar do genocídio de Netanyahu
Em carta assinada por 130 soldados israelenses da ativa e da reserva, direcionada ao premiê, ministros e ao chefe do Estado Maior, os militares afirmam que não mais servirão se o governo “não mudar o curso” e passar a atuar em favor do cessar-fogo e da troca de prisioneiros judeus e palestinos.
“Nós que servimos e temos servido com dedicação enquanto arriscávamos nossas vidas, através desta anunciamos que se o governo não muda seu curso imediatamente e começa a trabalhar por um acordo que traga os reféns de volta a suas casas não seremos capazes de seguir servindo’, afirma a carta de 130 soldados israelenses da ativa e da reserva direcionada a Netanyahu, seus ministros e ao Estado Maior da força israelense.
Na carta, de iniciativa do paraquedista Yuval Green, os militares enfatizam que “agora está claro que continuar a Guerra em Gaza não apenas adia o retorno dos que estão em cativeiro, mas põe suas vidas em risco”.
“Muitos reféns foram mortos por tiros e bombas israelenses, muito mais do que aqueles que foram resgatados em operações militares ditas destinadas a salvá-los”, alertam.
Destacamos algumas das argumentações dos que decidiram formular e assinar a carta de recusa ao serviço militar durante o genocídio perpetrado pelo terrorismo de Estado israelense:
Max Kresh escreveu, em sua página do Facebook, no dia 12 de outubro: “Agora é hora de abraçar nossos amigos árabes e palestinos” e condenou os militares que conclamam pela destruição de Gaza: “Os extremistas dizem que Gaza deve ser aplastada e isso fere mais que tudo porque as pessoas estão abrindo mão da paz. Eu não desisti e eu nunca vou desistir da paz”.
Max diz ter percebido, durante este último ano, que “os combates cobraram um alto preço em termos da degeneração da percepção humana atingindo pessoas de todo o espectro político e que a guerra sem fim está rasgando a sociedade israelense”.
“O país que sairá desta guerra não será o mesmo país pelo qual eu me alistei. Este não é um país pelo qual quero sacrificar minha vida. Muitas coisas foram em uma direção que eu não posso mais justificar”, esclarece Max.
Yotam Vilk, agora com 28 anos, cresceu em Jerusalém de uma família de sionistas religiosos e hoje se coloca como parte de uma esquerda religiosa e vive em Tel Aviv. Ele diz se preparar para ser um advogado pelos direitos dos palestinos nos territórios ocupados.
Yotam expressa sua oposição ao genocídio: “É impossível entrar em Gaza e não sentir o sofrimento humano”.
“O primeiro momento em que eu realmente percebi que a Guerra estava indo em uma direção problemática”, diz Yotam, “foi no último dia da primeira rodada de negociações em torno de um acordo para soltar os reféns, quando Israel se recusou a aceitar um cessar-fogo com a imediata liberação de sete reféns vivos. Israel afirmou que se reduzisse suas demandas Hamas nos poria de joelhos ou quaisquer absurdos deste tipo. Ficou claro para mim que, ali, Israel tinha aberto mão das pessoas que foram sequestradas de seu território”.
“Além disso, Gaza foi completamente destruída, deixou de ser habitável. Isso já era verdade em dezembro do ano passado e é mais verdade hoje. A passarela costeira está simplesmente devastada”, denuncia Yotam.
Em suas observações, Yotam se mostra revoltado com o que agora percebe: “Eu sinto que Israel me traiu pessoalmente. Tirou tanto de mim, e todo o seu poder é utilizado para promover uma guerra sem sentido”.
“Mesmo que digam que não abandonamos os israelenses cativos, é o que estamos fazendo porque o Estado de Israel não os quer. Chegar a um acordo não é apenas uma obrigação, é a única solução possível. Vai acontecer em algum momento, só que, deste jeito, não com os reféns de volta”.
Yotam Vilk deixa claro sua decisão de recusa ao dizer que “se Israel não tomar uma atitude consciente para chegar a um acordo e isto devido a interesses pessoais ou políticos ou por ambições messiânicas, meu serviço militar estará em questão”.
Yariv parte de sua observação acerca da fascistização que toma conta das consciências da maioria dos jovens empurrados para o conflito sem fim e sem razão para se afirmar fora das fileiras militares israelenses. “Eu vi o quanto o exército foi tomado por este messianismo. Um grande número de soldados com adesivos dizendo ‘Messias’, ou ‘Grande Israel do Nilo ao Eufrates’, tal absurdo é constante e ninguém diz nada. Quando eu comecei a brigar contra isso me disseram que eu seria removido do grupo de Whatsapp da minha companhia e que eu deveria parar de falar de política”.
Eu disse que “vocês estão engajados em política. Gostem ou não, vou usar adesivos de ‘Paz Agora’ e ‘Dois Estados para Dois Povos’ e muita gente ficou aborrecida por isso”.
Yariv disse que muitos o recriminaram por ele ter postado a advertência contra a guerra de sua própria esposa. “Minha mulher me disse que ‘se você morrer eu vou escrever no alto de sua lápide: idiota’”.
Fonte: Papiro