Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias atingiu o maior percentual desde fevereiro de 2018, ao chegar a 50,3% do total de endividados, que ficou em 77,2% no mês, segundo dados da pesquisa de setembro da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados nesta quinta-feira (3). Em agosto, o percentual de famílias endividadas no país estava em 78,0%.

A CNC destaca que apesar da queda no endividamento, o percentual de famílias com dívidas em atraso subiu para 29,0% do total de endividados, o que é maior que agosto deste ano (28,8%), mas ainda menor que o resultado de setembro do ano passado (30,2%).

“O percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias continuou tendo incremento em relação ao mês anterior, chegando a 50,3% do total de endividados em setembro deste ano, o maior percentual desde fevereiro de 2018″, ressalta a CNC, no documento.

A entidade ainda alerta que, “além de ter tido aumento do nível de contas atrasadas, esses atrasos estão permanecendo por mais tempo. Isso porque o aumento nas taxas de juros leva a um encarecimento das dívidas”.

O cartão de crédito – com seus juros altos – é apontado como principal culpado pela inadimplência por 84,4% do total de devedores. Segundo um estudo inédito realizado pela entidade, o cartão de crédito é o principal meio de pagamento entre as famílias brasileiras com dívidas, sendo usado por 30% dos endividados em compras de alimentação e vestuário.

O presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, afirma que essa “dependência crescente do cartão de crédito, especialmente para despesas cotidianas, como alimentação e vestuário, coloca as famílias em uma posição vulnerável devido aos altos juros. Isso pode aumentar o risco de inadimplência, mesmo com a diminuição do endividamento total”, alerta.

Na avaliação de Roberto Tadros, “o crédito tem um papel fundamental para impulsionar o varejo, mas o aumento da taxa Selic [do Banco Central] tem encarecido o acesso, tanto para os consumidores quanto para as empresas. É essencial que o mercado encontre um equilíbrio, pois a restrição de crédito pode impactar negativamente a economia nacional”, ressaltou.

No meio do mês de setembro, o Banco Central elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,25 ponto percentual, subindo o nível da taxa de 10,5% para 10,75% ao ano, e prometeu mais aumentos nos juros nos próximos meses, com o fim de inibir a oferta de crédito e demanda de consumo no país, apesar da inflação estar baixa e controlada no Brasil, e com as previsões do próprio mercado financeiro indicando que seguirá assim até o final deste ano e em 2025.

Fonte: Página 8