Nádia Campeão analisa a reta final deste turno da campanha eleitoral municipal
Nádia Campeão durante entrevista como vice-prefeita de São Paulo em 2015
Na edição mais recente do Entrelinhas Vermelhas, comandado pelos jornalistas Guiomar Prates e André Cintra, a convidada Nádia Campeão, ex-vice-prefeita de São Paulo e atual secretária nacional de organização do PCdoB, trouxe à tona discussões cruciais sobre as eleições municipais de 2024 e os desafios enfrentados pelos partidos progressistas.
Leia mais abaixo e assista a íntegra da entrevista:
A força das gestões municipais na corrida eleitoral
Um dos principais pontos abordados foi o impacto das gestões municipais nas capitais na disputa eleitoral. Nádia destacou que, em muitas cidades, prefeitos que concorrem à reeleição lideram as pesquisas, como em Recife, Rio de Janeiro e São Luís, com chances de vencer já no primeiro turno. Segundo ela, isso se deve à aprovação popular das gestões, não à fragilidade dos concorrentes. “A tendência do eleitor é manter o prefeito se a gestão está indo bem”, afirmou Nádia.
No entanto, a situação em São Paulo é mais complicada, com o prefeito Ricardo Nunes enfrentando uma rejeição significativa e risco de não chegar ao segundo turno. Nesse contexto, o candidato progressista Guilherme Boulos, que concorre com o apoio de partidos como PT, PSOL e PCdoB, surge como uma alternativa viável, representando a oposição a Nunes.
O impacto das fake news no cenário eleitoral
Outro tema central da entrevista foi o uso das redes sociais e a proliferação de fake news nas campanhas eleitorais, um fenômeno que tem influenciado fortemente o cenário desde 2018. Nádia comentou que o debate eleitoral foi deslocado para o campo da desinformação e manipulação digital, mudando a dinâmica das campanhas. Ela citou a campanha de Pablo Marçal como exemplo de um candidato que usa as redes sociais de forma agressiva para atacar adversários, sem propor debates profundos sobre políticas públicas.
Ela ressaltou que o uso estratégico das redes sociais para amplificar discursos desinformativos tornou-se uma ferramenta poderosa, prejudicando o debate democrático. No entanto, também reconheceu que essa é uma realidade com a qual os partidos progressistas precisam lidar e se adaptar.
Desafios para o campo progressista e o papel do voto útil
Nádia Campeão reforçou a importância da união do campo progressista nas eleições, especialmente em um cenário de crescente polarização. Ela argumentou que o voto útil será um fator decisivo em lugares como São Paulo, onde candidatos progressistas precisam unir forças para evitar que a extrema-direita domine a disputa no segundo turno. “Convergir para o voto em Guilherme Boulos é fundamental”, defendeu Nádia, considerando-o a figura mais bem posicionada para representar o bloco progressista.
Preparo e coesão no PCdoB
No que diz respeito ao desempenho do PCdoB, Nádia mostrou-se otimista, destacando a preparação antecipada do partido para as eleições. Segundo ela, o partido optou por concentrar candidaturas em regiões estratégicas, unificando esforços e garantindo campanhas mais robustas. “Estamos disputando vagas importantes nas grandes capitais e cidades, mesmo em cenários difíceis”, afirmou.
Ela também comparou as eleições de 2020 com a atual campanha, destacando que o partido está mais organizado e estruturado, o que aumenta as chances de sucesso nas urnas. A federação partidária foi um fator que ajudou a otimizar os recursos e focar em candidaturas viáveis.
Mensagem final: foco na reta final
Encerrando sua participação, Nádia destacou a importância da reta final da campanha, especialmente nos dias que antecedem a votação. Para ela, é nesse momento que os eleitores indecisos tendem a definir seus votos, e é fundamental que as candidaturas do PCdoB mantenham o foco e a mobilização. “O clima é de que estamos lutando e temos chance de vencer”, concluiu, deixando uma mensagem de otimismo e determinação para as campanhas progressistas.
(por Cezar Xavier)