Foto: CTB

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) repudiou a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros (Selic), na semana passada, em artigo assinado pelo presidente da entidade, Adilson Araújo.  

“O lucro de banqueiros e rentistas ociosos é sagrado, tal é a base do pensamento que orienta a política monetária capitaneada pelo Banco Central e, em boa medida, também a política fiscal do governo federal”, declara a entidade.

Afirmando que, “não há motivos econômicos plausíveis para respaldar tal decisão”, pois “a inflação está dentro da meta e sob controle”, Adilson Araújo diz que, no entanto, “a conta é cara e, muito embora poucos tenham consciência disso, quem a paga, tostão por tostão, é o povo brasileiro”.

“Cada ponto percentual de aumento da taxa Selic eleva as despesas com juros do governo federal em mais de R$ 40 bilhões”, afirma Adilson. “A alta decidida quarta-feira (de 0,25%) vai desviar cerca de R$ 13 bilhões para o bolso de banqueiros e rentistas ociosos. A dinâmica do déficit e da dívida pública está intimamente associada à Selic, 40% da dívida pública dependem dos juros de curto prazo, que o Banco Central define”, afirma.

Para Adilson, “os neoliberais ignoram deliberadamente este relevante detalhe na campanha diuturna que empreendem por cortes nos gastos públicos em nome do equilíbrio fiscal” enquanto “pressionam por uma nova reforma da Previdência, pela redução nos investimentos em saúde e educação, mas convenientemente nada falam sobre o peso do pagamento dos juros nas contas públicas”.

O artigo denuncia que o serviço da dívida consome em torno de 50% do Orçamento da União e “o dinheiro que o governo destina ao seu pagamento é o mesmo que falta para o SUS, a educação pública, habitação, infraestrutura, previdência e seguridade social”.

“Os efeitos econômicos deletérios da alta da Selic não ficam restritos à política fiscal e às políticas públicas em geral. Juros mais altos aumentam o endividamento das famílias, deprimem o mercado interno, o consumo e os investimentos. Comprometem a recuperação da economia e condenam o país ao que economistas classificam de voos de galinha e à estagnação da produção”, afirma.

Fonte: Página 8