Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI

Em julho deste ano, a produção industrial brasileira recuou 1,4% na comparação com o mês de julho (+4,3%), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (4). Também na série com ajuste sazonal, a indústria de transformação, que corresponde por mais de 80% da indústria geral, recuou 1,3% no mês, na mesma base comparativa.

Com os resultados, a indústria nacional está 15,5% abaixo do pico mais alto da série histórica, registrado em 2011.

No sétimo mês deste ano, duas das quatro grandes categorias econômicas apresentaram saldos negativos em suas produções: Bens de Capital (2,5%), Bens Intermediários (-0,3%) Bens de Consumo (-2,5) – com Duráveis (9,1%) e Semiduráveis e não Duráveis (-3,1)-, todas em comparação com o mês imediatamente anterior.

No acumulado de 12 meses até julho, Bens de Capital acumula queda de -2,4% ante ao mesmo intervalo de meses de 2023. Já as demais categorias econômicas figuram no polo positivo: Bens Intermediários (2,1%) e Bens de Consumo (3,4%).

Nesta base comparativa, o IBGE não considera o cálculo de ajuste sazonal – quando são descontadas as oscilações sazonais (alterações climáticas, férias, feriados etc.) que incidem sobre os dados.

Na passagem de junho para julho, além da indústria de transformação (-1,3%), a Indústria extrativa (-2,4%) também apresentou recuo na produção. Nesse período, ainda, sete dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram quedas em suas produções.

Entre os destaques, estão: produtos alimentícios (-3,8%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%); celulose, papel e produtos de papel (-3,2%); equipamentos de Informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,6%); e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,6%).

No acumulado do ano até junho, a produção industrial nacional está 3,2% em alta. Frente a julho de 2023, a produção cresceu 6,1%, na série sem ajuste sazonal.

Ontem, o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, em comparação com o primeiro trimestre deste ano (1% dado revisado), com altas na Indústria de Transformação (1,8%) e melhora nos investimentos em máquinas, equipamentos etc., (2,1%, conforme a FBCF). 

As entidades da indústria destacaram o resultado do PIB do segundo trimestre, mas alertaram para a ameaça de aumento na taxa básica de juros (Selic) na reunião do Banco Central neste mês de setembro.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) prevê que a economia deve esfriar no próximo ano “em função dos juros restritivos e do menor impulso fiscal estimado para os próximos trimestres”.

“Esperamos uma acomodação da atividade na segunda metade do ano, em função do menor impulso fiscal e da manutenção da política monetária restritiva [do Banco Central]. Nesse contexto, esperamos um crescimento mais fraco para o PIB brasileiro à frente, com estabilidade [0,0%] no 3º trimestre e redução de 0,3% no 4º trimestre de 2024”, registrou em nota.

Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), ao analisar o resultado do PIB, destacou “a retomada dos desembolsos do BNDES, a queda do desemprego e o aumento da massa real de rendimentos da população ocupada, bem como políticas de transferência de renda, correção do salário mínimo e o pagamento dos precatórios em atraso”. Mas alertou para os “riscos” impostos pelo arrocho monetário.

“A interrupção da queda da Selic e a possibilidade de uma nova fase de sua elevação é um fator que tende a colocar em risco tanto a reação do investimento como a continuidade deste início de retomada industrial”, assinalou o IEDI.

Em 19 de junho deste ano, o Banco Central interrompeu o corte dos juros, a conta-gotas, mantendo a taxa Selic nos absurdos 10,5% ao ano. Em um ano, o BC realizou seis cortes de 0,5 ponto percentual e um corte de 0,25 p.p,. Em agosto de 2023, a taxa base estava em 13,75%.

O próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo, já informou ao público que, se a economia apresentasse “aquecimento”, os juros poderiam ser elevados.  

“A alta de juros está na mesa, sim”, e “o Banco Central não vai hesitar, se for necessário, a perseguição da meta, fazer uma elevação de juros”, disse Galípolo em agosto, em um evento da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que Gabriel Galípolo é o indicado do presidente Lula para presidência do BC.

Fonte: Página 8