Documentação e material destruídos pelas tropas de ocupação israelenses | Foto: Universidade de Birzeit

O Conselho Diretor da Universidade de Birzeit, na Cisjordânia palestina denunciou mais uma razia das tropas de ocupação e extermínio de Israel no campus da instituição.

“O ataque é uma continuação dos crimes contra o povo palestino e se soma à longa lista de violações e crimes praticados pela ocupação contra as instituições educacionais palestinas”, diz a declaração emitida pelo Conselho logo após a agressão desta terça-feira (3).

Na declaração, o corpo diretor da Universidade de Birzeit chama todas as instituições educacionais de todo o mundo a denunciarem tais ataques e a agirem em solidariedade a esta universidade e a todas as instituições educacionais palestinas, em particular as de Gaza destruídas por bombardeio, como parte do genocídio contra o povo palestino em Gaza e na Cisjordânia.

A Universidade de Birzeit é uma das mais importantes entre as instituições superiores palestinas.

Já teve como reitora a destacada intelectual Hanan Ashrawi, que presidiu a delegação palestina ao encontro de Madrid, de 1991, o primeiro de palestinos e israelenses, que precedeu os encontros e os Acordos de Oslo (firmados por Rabina e Arafat).

Ashrawi foi ministra palestina da Educação e Pesquisa Científica e integrou o Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP).  

Segue a declaração do Conselho da Universidade de Birzeit:

A invasão do nosso campus é uma continuação da política sistemática de devastação educacional na Palestina.

Em um acréscimo à longa lista de crimes e violações da ocupação de Israel contra as instituições educacionais da Palestina e como continuação dos seus crimes contra o povo palestino como um todo, suas tropas perpetraram uma razia no campus da Universidade de Birzeit ao amanhecer desta terça-feira, 3 de setembro de 2024, atacando a equipe de segurança, destruindo material e equipamento do Conselho Estudantil e confiscando parte de sua propriedade.

Uma força militar composta de cinco veículos e grande número de soldados invadiu o campus através do seu portão oriental às 2:00 da madrugada. Atacou a equipe de segurança e os soldados algemaram seus integrantes sob ameaça de armas. Um dos seguranças ficou ferido ao ser atirado ao chão quando já algemado.

Os soldados então invadiram do Conselho Estudantil e quartos de repúblicas de estudantes, confiscando pertences e espalhando material de escritório.

Este tipo de invasão brutal tem sido recorrente e é parte de uma política sistemática de devastação da vida educacional palestina, atingindo estudantes e professores por vários métodos e atacando as instituições acadêmicas.

A Universidade de Birzeit vê este ato como uma violação de todas as convenções e leis internacionais, uma agressão que incrimina os que infringem a sacralidade dos campi e das instituições educacionais.

Ressaltamos que o campus universitário tem sido alvo continuado de razias, sendo as mais recentes: durante o segundo semestre letivo, em setembro de 2023, quando uma força de ocupação invadiu pelo portão leste e prendeu diversos estudantes. Em novembro do mesmo ano. O escritório do Conselho Estudantil foi atacado e dois estudantes foram sequestrados por uma força militar em fevereiro do corrente ano. Um dos estudantes detidos era o presidente do Conselho Estudantil.    

A Universidade de Birzeit conclama todas as instituições acadêmicas e jurídicas internacionais a apoiarem seus objetivos educacionais e acadêmicos.

Reiteramos que estas violações não impedirão a nossa Universidade de promover seu papel acadêmico, social e humanitário. Além disso, a Universidade chama com urgência as instituições legais e a comunidade internacional a darem um basta aos crimes genocidas contra os palestinos em Gaza e na Cisjordânia e a que trabalhem de forma efetiva para que esta destruição escolar pare e façam com que Israel seja responsabilizado por estes crimes.

Fonte: Papiro