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Em reunião de negociação da campanha salarial de 2024, na quarta-feira (7), o Comando Nacional dos Bancários cobrou da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) reajuste com aumento real de 5%, reposição da inflação, e aumento real de 5% também na PLR e demais verbas de natureza salarial, como auxílio-creche/babá; e reajustes maiores nos vales alimentação e refeição.

No entanto, de acordo com as lideranças dos trabalhadores, apesar de ser um dos setores mais lucrativos, já na primeira reunião para debater as cláusulas econômicas os banqueiros “se fazem de vítimas” e alegam que, “com a concorrência no setor ante o avanço das fintechs e bancos virtuais, há dificuldades em atender às reivindicações da categoria”, afirmou o presidente do Sindicato dos bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira, que participou da reunião.

Segundo dados apresentados pelo Comando Nacional dos Bancários, os bancos têm plena condições de valorizar os trabalhadores, já que, além dos excelentes resultados do setor, “apenas com as receitas de tarifas os bancos cobrem em mais de 100% suas folhas de pessoal. Em 2023, a média de cobertura das despesas de pessoal com receitas de tarifas foi de 127%”.

Além disso, como afirma o Comando, com o endividamento da população em queda, “os bancos puderam reduzir seus PDDs (Provisão para Devedores Duvidosos) e essa redução resultou em aumento nos lucros: só no 1º trimestre deste ano, o lucro dos cinco maiores bancos cresceu 15,2%, totalizando R$ 29,2 bilhões”.

“O setor bancário é um dos mais lucrativos e rentáveis da economia brasileira e tem todas as condições de atender à reivindicação da categoria por aumento real. Entre 2003 e 2023, o lucro dos cinco maiores bancos cresceu 169% acima da inflação, e a rentabilidade média também tem ficado invariavelmente muito acima da inflação, em média 2,5 pontos percentuais acima, e isso mesmo durante a pandemia. Portanto, não há qualquer desculpa para que os bancos não valorizem seus trabalhadores e trabalhadoras, que constroem diariamente esses excelentes resultados”, destacou Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Para Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e também coordenadora do Comando, “os bancos estão chorando de barriga cheia”.

Conforme a sindicalista, “mesmo em momentos de crise, a rentabilidade média do setor bancário brasileiro é de 15% acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha de 10% e na Inglaterra 9%. Além disso, hoje 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor financeiro estão nas mãos dos bancos”, diz.

“Na próxima semana queremos respostas às reivindicações que já foram apresentadas nessas seis rodadas de negociação até agora. A Fenaban tem de vir para a próxima mesa com proposta que dialogue com nossas reivindicações em defesa dos empregos, dos direitos, na questão da igualdade salarial entre homens e mulheres, na questão do combate ao assédio moral e de medidas para a defesa da saúde física e mental da categoria”, afirma a presidente do Sindicato de São Paulo.

“Vamos continuar mobilizando a categoria: na segunda-feira, dia 12, véspera da mesa, faremos um Dia Nacional de Luta cobrando proposta decente da Fenaban”, destaca Neiva Ribeiro.

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