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Jornal da USP trouxe, na terça-feira (27), na coluna do Observatório da Inovação, do professor Glauco Arbix, a posição de destaque do Vietnã no setor de semicondutores.

O professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da FINEP (2011-2015) destaca que a indústria de semicondutores alcançara um mercado de US$ 1 trilhão em 2030.

A relevância do setor é estratégica, pois está inserida em todos os equipamentos eletrônicos, fato que ficou ainda mais evidente com o desenvolvimento da inteligência artificial (IA).

Durante a pandemia, inclusive, o mercado automobilístico foi afetado com a falta de microchips, elevando os preços e atrasando entregas.

Na sua coluna, Arbix entende que a disputa entre Estados Unidos e China aumentará e a procura pelos semicondutores continuará crescendo. Este cenário abre oportunidade para quem souber se posicionar, inclusive o Brasil.

Neste ponto, é importante destacar que o Brasil e Vietnã avançaram na cooperação em semicondutores. Além disso, nos últimos meses, o projeto de lei do Programa Brasil Semicondutores (Brasil Semicon) avançou. Este faz parte das diretrizes da Nova Indústria Brasil (NIB).

Voltando às observações do professor, o Vietnã (no qual a parceria brasileira avança pela condução do PCdoB no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) hoje é o centro global de semicondutores com taxa de crescimento constante desde 2016.

O posicionamento do país asiático atrai empresas dos Estados Unidos “que praticamente destruíram o país há 50 anos numa guerra”, lembra Arbix. Neste sentido, o país só perde para Taiwan e Malásia nas exportações de semicondutores e circuitos integrados para os EUA.

Como ele explica, por trás do sucesso está o investimento vietnamita em um polo de profissionalização de engenheiros da área. O professor destaca que para além da qualificação da mão de obra, este processo permitiu troca de experiências com multinacionais, o que enriqueceu o setor no país.

Por fim, Arbix entende que o Brasil deve estar atento, uma vez que pode tirar benefícios de disputas globais e, com isso, receber empresas de chips com a intenção de migrar de localidade em busca de melhores condições e com a finalidade de ficar fora do centro de disputas e embargos entre ocidente e oriente.

Outro ponto que conta a favor, assim como o bom relacionamento que o Brasil mantém com os principais desenvolvedores de chips, é contar com uma matriz energética limpa e com estoques de metais necessários para a produção dos semicondutores: isto atrai empresas e investimentos.

Ouça aqui a coluna completa.