Brasileiros andam menos de ônibus e criticam conforto, revela CNT
Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta que a utilização de ônibus como meio de locomoção nas cidades tem caído nos últimos sete anos. O estudo de ‘Mobilidade da População Urbana’ mostra que 30,9% da população utiliza ônibus urbanos em 2024, ante 45,2% em 2017.
De acordo com o levantamento, parte da explicação para essa redução da utilização dos ônibus está atrelado ao uso de aplicativos de transporte, que aumentou de 1% para 11,1% no período, assim como o crescimento da população com carro próprio, que subiu de 22,2% para 29,6%. No caso de moto própria o aumento foi de 5,1% para 10,9%. A observação quanto aos deslocamentos a pé coloca que a opção apresentou estabilidade.
Ainda que tenha ocorrido a redução no uso dos ônibus, para 52,7% dos entrevistados o ônibus se mantém como a única opção de transporte na cidade. Conforme os usuários, o curto tempo de locomoção que o meio pode oferecer em certos casos em que o ônibus é priorizado, como também em comparação com o custo reduzido com outros transportes faz com que os ônibus sigam com a preferência do grosso da população que se concentra nas classes de menor poder aquisitivo, classificadas como C, D e E, correspondentes a 79,2%% das viagens neste transporte.
Outros dados revelam que substituição do ônibus ocorreu para 29,4%, enquanto 27,5% diminuíram a utilização. Já 10,4% nunca utilizou o meio de transporte coletivo nas suas cidades. A opção por outro meio é variada, sendo por carro particular, aplicativos de transporte, bicicleta ou mesmo a pé.
Os principais motivos indicados que provocam a substituição do ônibus por outros meios são:
- pouco conforto, 28,7% (era 29,2%, em 2017);
- falta de flexibilidade dos serviços, 20,7% (era 30,3%, em 2017);
- do elevado tempo de viagem, 20,4% (era 25,4%, em 2017);
- e mudança de local de trabalho, 17,2% (era 15,0%, em 2017).
Neste fator de substituição do modal a questão tarifa apresentou drástica queda. Em 2017, o valor da passagem era indicado como motivo de substituição para 29,5%. Já neste ano foi indicado por 11,8%, mudança atribuída ao estabelecimento das viagens por apps como Uber e 99 que muitas vezes são curtas e podem ter valores próximos ao cobrado pela passagem de ônibus.
Outro fator relevante é a queda no apontamento do quesito violência que foi de 20,0%, em 2017, para atuais 11,4%.
O levantamento da CNT foi feito com o apoio da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e ouviu 3.117 pessoas em 319 municípios com mais de 100 mil habitantes, de 18 de abril a 11 de maio deste ano.