Imagem mostra região no interior do círculo onde o depósito de armas de Kiev foi destruído | Foto: 4 News

Na noite de domingo para segunda-feira e na de segunda-feira para terça-feira, o país em processo de anexação pela Otan se viu sob o maior ataque russo em semanas, utilizando drones, mísseis balísticos e mísseis hipersônicos, tendo sido atingidos aeródromos em bases onde estão estacionados caças F-16 recém fornecidos aos nazistas pelos Estados Unidos. 

Em ataques nesta quarta-feira (28), foi a vez dos mísseis russos de última geração, os Khinzal, atingirem depósitos de lançadores de mísseis e munição, usados para atacar cidades e infraestrutura na Rússia, assim como defesas antiaéreas.

As sirenes soaram em praticamente todas as províncias ucranianas. Nos primeiros ataques da segunda e terça, as regiões mais atingidas foram Khmelnytsky, Sumy, Krivoy Rog, e Rovno. Já nesta quarta, foi alcançado um hangar na região de Sumy e, como consequência, foram destruídos lançadores de foguetes HIMARS, de fabricação norte-americana e os próprios foguetes.

Respondendo a uma pergunta sobre o pedido do regime de Kiev a Washington de permissão para ataques em profundidade contra a Rússia com mísseis ocidentais, depois da incursão ucraniana em território russo em Kursk, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, assinalou na terça-feira (27) que “brincar com fogo [nuclear] como as crianças brincam com fósforos é uma coisa perigosa para os adultos a quem são confiadas armas nucleares num ou noutro país ocidental”.

Ele advertiu sobre a mentalidade dos planejadores norte-americanos, segundo a qual, “uma Terceira Guerra Mundial” (que Deus nos livre) “só afetaria a Europa”, convencidos de que “ficariam de fora”.

“Essa é a mentalidade do amo, que sentado ‘naquele’ banco, está convencido da sua segurança, de que não só os ucranianos farão o seu trabalho sujo e morrerão por ele, mas, como se vê, agora também os europeus”.

Lavrov enfatizou que a Rússia tem sua própria doutrina de segurança, incluindo a doutrina do uso de armas nucleares, que está em revisão agora. E – acrescentou – as “figuras” americanas estão bem cientes disso.

A doutrina nuclear russa de 2020 estabelece quando seu presidente consideraria o uso de uma arma nuclear: em termos gerais, como resposta a um ataque com armas nucleares ou outras armas de destruição em massa ou armas convencionais “quando a própria existência do Estado é colocada sob ameaça”.

Ainda segundo Lavrov, o Ocidente está na expectativa de que a Rússia caia em provocações, eles esperam que Moscou faça algo que permita ao Ocidente “mudar o tabuleiro de xadrez”. “Mas não terá sucesso em nos provocar. Não vai funcionar. Vamos alcançar nossos objetivos”, reiterou o ministro.

Como disse o presidente Vladimir Putin, isso será feito da maneira que melhor atenda aos interesses da Rússia, ele enfatizou, se referindo à atitude de cuidado com o povo russo e à proteção das pessoas no Donbass “que o regime fascista em Kiev declarou terroristas”. As pessoas foram privadas de direitos básicos, incluindo o direito à religião, ideologia e idioma, ele acrescentou.

O jornalista que fez a pergunta citou artigo do jornal britânico The Guardian, segundo o qual o regime de Kiev buscava obter autorização de uso dos mísseis ingleses Storm Shadow para atacar Moscou e São Petersburgo, supostamente para “forçar Moscou a negociar”, enquanto Lavrov, em sua resposta, se referiu a conhecida declaração do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Para Lavrov, trata-se de uma “chantagem, uma tentativa de criar a impressão de que o Ocidente quer evitar uma escalada excessiva, mas na verdade isso é um estratagema”.

“O Ocidente não quer evitar a escalada. O Ocidente está pedindo problemas, para ser franco. Acho que isso já é óbvio para todos.”

“Há muito tempo que ouvimos essas especulações sobre a permissão do uso não apenas de Storm Shadow, mas também de mísseis americanos de longo alcance. Em Washington, alguma fonte anônima disse que este é o trabalho que está sendo feito. O pedido da Ucrânia, dizem, é visto de uma forma geralmente positiva. Não vou acrescentar mais nada aqui. O presidente russo Putin disse tudo há muito tempo.”

Os mísseis Storm Shadow foram desenvolvidos por uma colaboração anglo-francesa, mas por conterem componentes fornecidos pelos EUA, também a Casa Branca precisa concordar com seu uso dentro da Rússia. Até aqui, o governo Biden se esquivou.

Com as forças russas cada vez mais perto de libertarem o Donbass, com as tropas ucranianas sendo batidas aldeia após aldeia na direção de Pokrovsk, o regime de Kiev no dia 6 de agosto invadiu a região russa de Kursk, sob a pretensão de forçar o alívio nas frentes de combate nas repúblicas populares e, segundo alguns, inclusive mirando uma usina nuclear russa, o que estancou.

A incursão militar ucraniana na região de Kursk foi uma jogada de alto risco destinada a forçar a Rússia a desviar tropas de um setor-chave da linha de frente, mas Moscou não mordeu a isca, admitiu o principal comandante da Ucrânia, o general Aleksandr Syrsky, em uma coletiva de imprensa em Kiev.

“É claro que o inimigo entende isso, por isso continua a concentrar seus principais esforços na direção de Pokrovsk, onde estão concentradas suas unidades mais prontas para o combate”, continuou ele.

“O inimigo está tentando retirar unidades de outras direções, enquanto na direção de Pokrovsk, ao contrário, está aumentando seus esforços”, Syrsky afirmou, descrevendo a situação em Pokrovsk e Kurakhovsk como “bastante difícil” para as Forças Armadas ucranianas.

Segundo o Ministério da Defesa russo, nos combates em Kursk o lado ucraniano perdeu  mais de 6.600 soldados e dezenas de blindados. A Rússia já divulgou que armamento ocidental, incluindo tanques britânicos e sistemas de foguetes dos EUA, foi usado pela Ucrânia em Kursk. Kiev confirmou o uso de mísseis Himars dos EUA para destruir pontes na região.

Já Washington diz que não ter sido informada com antecedência do ataque a Kursk, nem participado da operação. O chefe da inteligência estrangeira de Putin, Sergei Naryshkin, disse na terça-feira que Moscou não acreditava nessas declarações.

A aventura dos fascistas ucranianos em Kursk neste agosto, em última instância, também tem o significado simbólico de uma revanche. Foi a Batalha de Kursk, em 1943, com a vitória soviética na maior batalha de tanques da história, na Grande Guerra Patriótica, que consolidou a virada obtida em Stalingrado e abriu o caminho para Berlim e o esmagamento do nazifascismo.

Por sua vez, o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, disse que o envolvimento dos Estados Unidos na incursão em andamento da Ucrânia na região de Kursk, no oeste da Rússia, é “um fato óbvio”.

O curso de escalada de Washington está se tornando cada vez mais provocativo, disse o diplomata, acrescentando que a impressão é que as autoridades norte-americanas “acreditam que têm permissão para fazer qualquer coisa”.

“A impressão é que os colegas [dos EUA] jogaram fora os resquícios do bom senso e acreditam que tudo lhes é permitido. Abordagens semelhantes são seguidas por sua clientela em Kiev. As consequências podem ser muito mais severas do que o que eles já estão vivenciando. Eles sabem onde e em quais áreas estamos respondendo em termos práticos”, afirmou Ryabkov a repórteres.

Na semana passada, Lavrov declarou que “Zelensky nunca teria decidido [atacar o território russo] se os Estados Unidos não o tivessem instruído a fazer isso”.

Conforme The New York Times, Washington e Londres forneceram à Ucrânia imagens de satélite e outras informações sobre a região de Kursk nos dias seguintes ao ataque ucraniano, supostamente com o objetivo de ajudar a Ucrânia a rastrear os reforços russos que poderiam atacá-los. Mas, supostamente não teriam sido informados por antecipação sobre o ataque, nem tomado parte.

Fonte: Papiro