Número de brasileiros com comida na mesa aumenta no Brasil. Foto: Rafael Zart/MDS

As políticas de enfrentamento à fome no Brasil são reconhecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como algumas das mais bem-sucedidas do mundo e podem levar o país a superar esse problema novamente em breve, segundo o representante do braço da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Jorge Meza. “Temos muito o que aprender, temos exemplos práticos e o Brasil pode contribuir para o desenvolvimento de outros países”, enfatizou.

O Brasil atingiu a média móvel de 3,9% no nível de fome, segundo indicadores da entidade e, para que um país saia do nível considerado de subalimentação, é preciso que chegue a 2,5%. 

Ele lembrou que o país deixou o mapa da fome em 2014 e retornou em 2021, mas que “agora, o governo está nesse esforço grande para tirá-lo novamente”. Com os indicadores atuais, ressaltou, “muito provavelmente até 2030 tenhamos bons resultados no país”. 

No indicador de insegurança alimentar grave, no período de 2020 a 2022, a média foi de 8,5% e agora está em 6,6%. “O Brasil começou a dar sinais de uma redução da insegurança alimentar também na população. Fome e insegurança (alimentar) no Brasil estão caindo muito”, salientou.

No final de julho, a ONU divulgou relatório, que embasa o Mapa da Fome, no qual aponta que a insegurança alimentar severa despencou 85% no Brasil em 2023, primeiro ano do governo Lula, de maneira que 14,7 milhões de pessoas deixaram essa situação. Em 2022, ainda sob Jair Bolsonaro, a fome afetava  17,2 milhões de brasileiros, número que caiu para 2,5 milhões no ano passado.

Jorge Meza argumentou que as ações do governo Lula são centrais para a obtenção desses resultados e disse que tais experiências devem ser utilizadas em outros países, inclusive por indicação da própria ONU. “Em 2023, foi lançado o plano Brasil sem Fome, com o objetivo de articular mais de 80 programas governamentais em vários ministérios”, lembrou, acrescentando que esta “é uma experiência que gera muito interesse e traz muitas lições”. 

Além disso, declarou, “o Brasil avançou no fortalecimento e na criação de outros programas complementares, como o Bolsa Família, que incluem a transferência de renda vinculada a medidas de saúde e  educação e que atinge 55 milhões de pessoas. Também foram reforçados e recriados programas de assistência social e alimentação saudável como, por exemplo, o programa de alimentação escolar que atende 40 milhões de alunos, apoiado em outro programa, de aquisição de alimentos da agricultura familiar”. Para ele, exemplos como este mostram “como as políticas são articuladas para atingir um problema específico”.

Meza destacou como aspectos positivos das ações implementadas pelo Brasil e que podem servir de exemplo a outros países, “além da ampla capacidade técnica”, a “tecnologia social e de desenvolvimento de políticas públicas para abordar problemas que são possíveis de serem solucionados com decisão política e destinação adequada de recursos”. 

Neste sentido, citou o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) como medida prática com resultados efetivos. “Esse banco de dados é capaz de mapear as vulnerabilidades de mais de 95 milhões de pessoas de baixa renda, sendo uma porta de entrada articulada de 42 programas de promoção da cidadania em áreas como alimentação, habitação, saúde, energia, qualificação profissional e empreendedorismo, entre outros. 

Com informações da Agência ONU